
Fico preocupado com a quantidade de pessoas próximas com depressão, ansiosas, com pânico … incluindo jovens! O que é isso?
Em 2018, antes da pandemia, uma pesquisa no Reino Unido apontou que 74% das pessoas tinham estado tão estressadas, preocupadas ou ansiosas, que se sentiram oprimidas ou incapazes de enfrentar.
O estresse – um estado em que uma pessoa sente que não tem os recursos para atender às demandas de uma determinada situação – está em toda parte, mas é fundamental para a condição humana. Embora afete vários sistemas biológicos e, a longo prazo, pode causar danos para a nossa saúde.
Há quem defenda que muitos dos sintomas psiquiátricos não são doenças propriamente ditas, mas defesas semelhantes à febre e à tosse.
Nossas emoções são adaptações moldadas pela seleção natural. A dor emocional não é apenas inevitável, é normal e pode ser útil.
“Assim como a capacidade de dor física evoluiu para nos proteger de danos tissulares (relativos aos tecidos orgânicos) imediatos ou futuros, a capacidade de ansiedade evoluiu para nos proteger contra futuros perigos ou outros tipos de ameaças.
Assim como a capacidade de experimentar a fadiga evoluiu para nos proteger da superexposição, a capacidade de tristeza pode ter evoluído para impedir novas perdas. (…)
Se encontramos no cérebro de pessoas ansiosas ou tristes algo semelhante a uma anormalidade, não podemos concluir que essas modificações cerebrais são responsáveis pelo distúrbio …” (Randolph Nesse e George Williams)
A história evolutiva da humanidade indica que já enfrentamos um número muito maior de ameaças do que de oportunidades.
Talvez por isso, o número de palavras que expressam emoções negativas seja, em geral, duas vezes maior do que as que expressam emoções positivas.
O fato é que, atualmente, o medo está por trás do excesso de diagnóstico e de tratamento medicamentoso. Uma festa para a indústria da saúde – e dos laboratórios.
Há um aumento absurdo na prescrição de antidepressivos – e no consumo de drogas ilegais! Algo está fora do eixo.
Temos que aprender a viver, a usufruir da vida, a não sermos levados por ela.
Assim como na política, o incentivo ao medo, alavanca um negócio.
Roosevelt já advertia, em 1933: “a única coisa que temos que temer é o próprio medo”.
Apesar de estarmos vivendo mais e de forma mais saudável, estamos cada vez mais temerosos e preocupados com a saúde.
“A medicalização sistemática do sofrimento humano comum se transformou em um epidemia, que infla ativamente o medo.
Problemas pessoais ou sociais são transformados em problemas médicos, como em casos de depressão leve. (Iona Heath)
Além dos efeitos nefastos que o excessivo consumo de medicamentos – às vezes por razões tolas ou inexistentes – que, a longo prazo serão detectados, muitos deles são descartados no lixo ou expelidos na privada, contaminando rios, lavouras e o restante da população.
“Uma das razões pelas quais o estresse pode ser tão prejudicial é que, mesmo depois que o gatilho inicial tenha passado, ele frequentemente continua a influenciar a forma como pensamos, sentimos e nos comportamos.
Uma teoria, a ‘hipótese da cognição perseverativa’, apresentada por uma equipe de psicólogos internacionais em 2010, sugere que a preocupação e/ou ruminação amplificam a resposta corporal inicial de curto prazo a uma situação estressante (ou seja, a resposta de lutar ou fugir) e reativa a resposta ao estresse, mesmo após a passagem de um estressor.
Além disso, a cognição perseverativa sobre os estressores passados e futuros (ou seja, preocupar-se com os estressores futuros e ruminar sobre os estressores do passado e se eles podem ocorrer novamente) também prejudica nossa saúde indiretamente, influenciando nossos comportamentos.
Por exemplo, foi demonstrado que mais preocupação e ruminação estão associadas a sono mais pobre, alimentação não saudável e abuso de substâncias.” (Dane McCarrick e Daryl O’Connor)
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