A lei da construção

Embora a engenhosidade humana possa fazer várias invenções … ela nunca criará nenhuma invenção mais bela, nem mais simples, nem mais voltada para o propósito do que a Natureza o faz; porque em suas invenções não falta nada e nada é supérfluo … (Leonardo da Vinci)

Em 1883, Eduard Zeller escreveu: ”A característica mais importante da teleologia aristotélica é o fato de ela não ser antropocêntrica nem devida às ações de um criador existente fora do mundo ou mesmo de um mero arranjador do mundo, mas é sempre pensada como imanente na natureza.”

Alguns conhecem a “Lei da Construção” (Constructal Law), de Adrian Bejan:

“Para um sistema de tamanho finito persistir no tempo (para viver), ele deve evoluir de tal forma que forneça acesso mais fácil às correntes impostas que fluem através dele.”

Essa lei é sobre o surgimento e a evolução dos padrões de design e de “organização” na natureza.

Ela cobre todo o território da natureza, desde fenômenos animados e inanimados até fenômenos humanos, sociais e tecnológicos.


A Lei da Construção unifica tudo isso, revela sua conexão profunda e os enraíza firmemente na Física.

Biologia, economia, evolução dos esportes e das máquinas, por exemplo, tudo está envolvido pela Física. Isso porque tudo que se move, em qualquer parte da natureza, obedece às poucas leis da Física, por exemplo, a segunda lei da mecânica, e as leis da termodinâmica: balanço energético e irreversibilidade.

Percebam que na lei criada por Adrian Bejan está implícito o vento da liberdade, refletido em fluxo e maior acesso.

Consequência da sua história pessoal na Romênia comunista.  Apenas os não-livres e oprimidos entendem o verdadeiro valor da liberdade e o perigo de limites sufocados.

“… nada funciona isoladamente; cada sistema de fluxo é parte de um sistema de fluxo maior, moldado e em serviço para o mundo ao seu redor.” (Bejan)

Entre os vários livros de Adrian Bejan, recomendo especialmente “Design in Nature: How the Constructal Law governs Evolution in Biology, Physics, Technology, and Social Organization”.

“… o desejo de qualquer sistema de fluxo – que é qualquer sistema móvel ou ‘vivo’ – é fluir mais facilmente, liberar o fluxo porque é assim que ele permanece ‘vivo‘ . 

Sua configuração natural tem liberdade para mudar. Sempre evolui na direção de um maior acesso para o que flui, resultando em uma disseminação mais fácil e mais ampla. 

Pode ser o fluxo de calor, de um fluido ou mesmo de uma multidão de pedestres em uma cidade. Ou a sociedade e todas as suas características: economia, comunicação e educação”, resume Laurence Van Elegem.

No que a Lei da Construção tem a ver com as empresas?

Os tomadores de decisão na empresa devem investir o máximo na abertura do fluxo dentro e fora de seu próprio sistema de fluxo, a organização. 

Isso pode ser feito de duas formas: por meio de pessoas e por meio da tecnologia.

As pessoas primeiro. Os CEOs precisam atrair o tipo de indivíduos que se destacam em abrir o fluxo e fornecer maior acesso: aqueles a quem ocorrem novas ideias e que têm talento para descobrir como orientar os canais para que fluam mais facilmente.  E, os “estranhos”, que não têm medo de dizer o impensável.

“Inovação é uma mudança que de repente libera o fluxo”, diz Adrian. Ela abre as portas do fluxo e faz com que todos ao redor do inovador possam lucrar de forma rápida e direta com seu sucesso, que vem do fluxo maior. É por isso que os parceiros e fornecedores de empresas muito bem-sucedidas também tendem a prosperar.

Se esse processo de inovação se fortalecer apoiado em clusters empresariais, com uma cadeia de fornecimento e de valor local, cria-se a chance para o desenvolvimento de novas indústrias com tecnologia relevante.

A Lei da Construção também funciona “ao contrário”: pode prever como um sistema irá evoluir, mas também como um sistema se tornará tóxico quando se isola e o fluxo natural e o acesso são voluntariamente limitados. Isso irá eventualmente levá-lo a fossilizar e morrer.

Vejam ao redor; como as empresas morrem.

E na política, então …

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

Um comentário em “A lei da construção

  1. Embora a engenhosidade humana possa fazer várias invenções … ela nunca criará nenhuma invenção mais bela, nem mais simples, nem mais voltada para o propósito do que a Natureza o faz; porque em suas invenções não falta nada e nada é supérfluo …“ (Leonardo da Vinci) qualquer imitação da natureza é por si só infrutífera. A natureza é bela e suficiente em detrimento de qualquer obra feita pelas mãos humanas. Soberanamente a natureza é majestosa.

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