
Monteiro Lobato viveu em Nova Iorque entre 1927 e 1931.
Escreveu lá alguns livros, entre eles, América, um diálogo com Mr. Slang, um personagem fictício. Não descobri porque esse nome (gíria, em português).
Mr. Slang já havia opinado sobre o Brasil, num livro anterior, Mr. Slang e o Brasil.
Neste livro, Lobato levantava várias questões, que parecem perenes:
- o hábito brasileiro de aceitar, por comodismo ou preguiça, ideias alheias;
- os brasileiros não conseguirem uma solução acertada para os problemas nacionais;
- eficiência e ineficiência;
- o Brasil está inexplorado;
- o valor do trabalho;
- o povo não está apto a votar, pois não tem cultura nem educação, somente a escassa elite;
- o fenômeno de gigantismo;
- o atraso do nosso país;
- o Brasil é um país velho;
- protecionismo, desrespeito às leis do progresso;
- o parasitismo no serviço público;
- Brasil, país pitoresco;
- corrupção;
- descrença excessiva dos brasileiros;
- crime no Brasil consiste em discordar do governo;
- inexistência de uma consciência moral.
No livro América, cita uma visita que faz a Walden, onde morou Henry Thoreau. Esse é o pretexto para abordar a questão do consumo. Selecionei alguns trechos:
“A disciplina social exaure.
O chamado progresso não passa duma escravização cada vez mais apertada, que as massas consentem e aplaudem (…)
Progredimos em ‘corporatividade’ e diminuímos em indivíduo. Vamos tendendo para a vida da colmeia, onde o indivíduo não conta. (…)
Cada novo invento significa passo à frente para a vida agregada, para a uniformidade, para o padrão.
A tendência é fortificar os grupos, fundi-los em grupos sempre maiores, integrar o indivíduo na massa, fazer da média, não da exceção, o ideal. (…)
Vivemos todos sufocados pelo excesso de coisas. Coisas demais, vida intensa demais, ciência demais, a serviço da indústria para promover a ‘gavage‘ (alimentação forçada) de toda uma nação.
Excesso, excesso, eis o verdadeiro mal da América, o não sei quê causador do indefinível mal estar que todos sentimos. (…)
O consumo intensíssimo constitui o alicerce da ‘prosperity‘. No dia, porém, em que o eretismo do consumo fraquejar, teremos uma crise catastrófica.
Tudo cansa, até ter.”
Dorgival, boa tarde! Um pequeno comentário em relação a publicação. Após o surgimento da “cauda longa (pos web)” o grande grupo se tornou um emaranhado de pequenos grupos, houve a hipersegmentação que muda o conceito descrito por lobato que fala da Massificação para quase tudo. Ainda assim o conceito capturado no início do século perdura até hoje em alguns casos.
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Sim. Obrigado, André.
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