
“Não tenho tempo”, “Estão me esperando”, “Preciso ir”, “Só disponho de um minuto”. (Michel Quoist)
Sobre isso, comenta Dom Hélder Câmara: “O tempo! Só podemos avaliar como o tempo passa, se evapora, contemplando um relógio, um ponteiro de segundos. O importante não tentar o impossível de fazer o tempo parar. O importante é aproveitar o tempo, transformando-o em boa eternidade.”
Para os dias confusos em que vivemos, em que o tempo – que já foi dinheiro e agora é desocupação, desemprego – é algo que nos falta porque já fizemos uso dele em coisas mais virtuais que reais, vale a pena rever nosso amigo Dom Hélder:
Desinstala-me, Senhor!
“Todos conhecemos Homens, sobretudo Escritores e Artistas, que têm a mesa de trabalho desarrumadíssima …
Mas o curioso é que eles se entendem e se acham naquela desarrumação. É desarrumação para os outros, não para eles.
Quando uma Esposa, uma Filha ou uma Secretária, com a melhor das boas vontades, mete-se a arrumar, é um desastre … Aí é que eles se perdem.
Sabem de quem eu me lembro? Ninguém se escandalize: lembro-me de Deus que nos desarruma de todo, mas, depois, nos torna a arrumar como ninguém.
Tu me desarrumas o comodismo, Senhor!
‘Abalas minha confiança em mim mesmo
Ris do meu orgulho desmedido
Deitas por terra
meus planos, meus sonhos, minhas ambições …
Quando tudo parece perdido
rearrumas tudo
com tal inteligência
e tanto amor
como se não tivesses
outra tarefa a teu cargo,
Senhor Deus do Universo!’
Que grande graça ter o comodismo desarrumado! Como nos instalamos na vida! Como nos enraizamos com facilidade …
Parecemos árvores destas que pegam de galho e espalham raízes por toda parte …
Que grande graça ter abalada a confiança em nós mesmos!
São Paulo dizia: ‘Quando estou fraco, então estou forte! Quando confio na minha força (que não existe, que é ilusão, é fraqueza) então me invade a força de Deus.’
Que grande graça ter o orgulho partido ao meio, quebrado, destroçado …
Deus tem paciência com todas as faltas, menos com o orgulho. O orgulhoso não precisa de ninguém, nem de Deus.
Confia nas próprias pernas, na própria cabeça.
Claro que se confiamos em nós por tabela – confiamos em nós porque confiamos em Deus – então está tudo bem.
O mal é pensar que nos bastamos. Aí, Deus, não para castigar-nos, mas para abrir-nos os olhos, deixa que caminhemos sozinhos, até que o tombo nos alerte …
O mais difícil é quando Deus põe por terra nossas ambições, nossos sonhos, nossos planos …
Ele gosta de provar nossa fé. Ele gosta de experimentar-nos.
Quando enxergamos, por detrás das mãos dos Homens, a Providência que sabe tirar o bem do próprio mal, então, quando tudo parece perdido, sem remédio, o próprio Deus, como se não tivesse outro trabalho a fazer, Ele mesmo nos rearruma …
Nossos planos se corrigem e consolidam. Nossos sonhos se tornam ainda mais audaciosos. Nossas ambições, sintonizadas com os planos de Deus, longe de fraudarem os planos divinos, dão glória ao Senhor e Pai!”