
Política vem de polis, cidade, a unidade política fundamental do mundo grego.
Plutarco era um historiador e biógrafo grego, que viveu num “mundo” dominado pelos romanos.
Seu lema era: “a cidade antes de mim”. Sim, acreditava que líderes políticos deveriam subordinar seus próprios interesses ao do Estado. Enfatizava que o interesse do indivíduo e o do Estado eram a mesma coisa.
A chave para isso residiria na integridade pessoal: quanto melhor a pessoa fosse, melhor seria o governante; quão melhor o governante, melhor o Estado.
Parece inocente.
Cita exemplos: Epaminondas de Tebas tinha tanto orgulho em supervisionar as ruas quanto em governar o exército; Catão, o Velho, dedicou sua vida a servir Roma, mas recusou qualquer honra material; Teopompo, rei de Esparta, cedeu parte de seu poder para deixar a monarquia mais estável etc.
Era, também, contra o consumo de carne. Entendia que o “hábito selvagem” do consumo de carne inclina a mente à brutalidade, ao derramamento de sangue e à destruição quando o endossamos e o reconhecemos como parte de uma realidade natural.
Na sua obra “Moralia”, defende que o ser humano tem acesso a fontes inesgotáveis de alimentos de origem vegetal e, que o consumo da carne de animais não seria possível “sem mascarar o sabor do sangue com milhares de especiarias”. Sua rejeição à carne se apoiava, ainda, em evitar o sofrimento e morte de animais, o que seria uma desconsideração do valor da vida.
Não era inocente; sabia das “características” humanas.
Repetia as palavras de Eurípides: “Não nasceu nada tão arrogante, ríspido e ingovernável quanto um homem que assumiu a condição aparente de sucesso”.
No caso de Teopompo, citado acima – que foi o primeiro em Esparta a convidar seus cidadãos a se envolverem nos assuntos de governo -, ao ser criticado pela esposa por ficar com um poder menor, explicou: “Na verdade, será até maior, na medida em que for seguro!”.
Estava consciente que a “maior parte das pessoas pensa mal e considera que o primeiro benefício de se estar no poder é não ser governado”. Gente que não gosta de Constituição e de outros Poderes, que diminuem seu poder, por exemplo.
Era claro: dizia que não cabia a quem é desajustado querer ajustar; a quem não sabe se governar, querer governar outros; ao ignorante, querer ensinar etc.
“Quem há de governar o governante? A lei, rainha de todos os mortais e imortais.” (Píndaro)
“Os reis de verdade temem pelos governados, já os tiranos temem os governados, por isso, quanto mais aumentam a força, mais aumentam o temor, pois, ao governarem mais pessoas, temem mais pessoas.” (Plutarco)