Diferenças na unidade

“Mais velho, fui morar um ano em Israel e tive contato com diversas formas de vida judaica. Para alguém que nasceu e cresceu na diáspora, era divertido e interessante perceber a tamanha variedade de ‘judaísmos’.

As diferenças apenas me confirmavam que a definição verdadeira do que é ‘ser judeu’ só poderia ser alcançada através da soma de todos esses pequenos fragmentos.”(Marcelo Treistman)

Percebo que a diversidade é da ‘natureza’ do povo judeu. Como poderia ser diferente, para um povo que, mesmo procurando manter sua identidade, precisou adaptar-se às realidades locais por onde passou?

Infelizmente, a crescente corrente ‘ortodoxa’ se opõe à variedade e quer uniformizar o povo judeu. E democracia é uma palavra que não faz sentido aos ortodoxos.

O judeu típico alimenta-se da polêmica. Diz-se que onde houver dois judeus haverá três opiniões. Isso porque os judeus não discordam só dos gentios ou uns dos outros: discordam até de si mesmos.

“Um judeu está naufragado numa ilha deserta.

Anos depois, um navio passa, percebe a fogueira, para e vai resgatá-lo.

Quando o capitão chega à praia, o naufragado agradece profusamente e se oferece para levar o capitão para conhecer a ilha.

Ele mostra as armas que fez para caçar, o forno improvisado em que cozinha, a sinagoga que construiu para rezar, a rede em que dorme.

De volta para o navio, porém, o capitão repara numa segunda sinagoga.

– Não estou entendendo, diz o capitão.

– Por que construir duas sinagogas?

O judeu responde, apontando para uma delas:

– Esta aqui é a sinagoga que eu frequento. E aquela, diz, apontando para a outra, é a sinagoga em que eu não entro nem morto.”

“Ser judeu é estar em conflito consigo mesmo. É orgulhar-se de ser diferente e sentir-se envergonhado disso ao mesmo tempo. Talvez seja esse o motivo pelo qual a autodepreciação tenha um papel tão importante no humor judaico.” (Devorah Baum)

Freud se perguntava se “havia muitos outros exemplos de povos que zombavam tanto assim de sua própria natureza”.

“Estamos no serviço do Yom Kippur, e o cantor de repente para no meio da prece e declara:

– Deus, me perdoe! Não posso dizer isso! Sou apenas um nada!

Depois, o rabino, no meio do sermão, para e exclama:

– Deus, me perdoe! Eu não sou digno! Eu não passo de um nada!

Ao ver isso, o zelador da sinagoga vem correndo lá do fundo:

– Se vocês dois que são grandes são indignos de rogar a Deus, então que direito eu tenho, eu que sou tão ordinário! Eu sou um nada completo! Ah! Eu sou é nada!

Nesse momento, o rabino dá um tapinha nas costas do cantor:

– Olha só quem está achando que é nada …”

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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