
“É preciso dividir o tempo entre política e equações. Mas nossas equações são muito mais importantes para mim porque a política é para o presente, enquanto nossas equações são para a eternidade.” (Einstein)
Descartes dizia que a técnica é o controle das forças da natureza.
Mas, se a ciência e a técnica nos permitem controlar a natureza, coloca-se a questão de saber quem controlará o “controle”, pergunta-se André Comte-Sponville.
A ciência e a técnica não dão nenhum meio de controlar a si próprios. Elas são incontroláveis, neutras, como se diz. Poderia se usar “inocentes”, não sabem o que se lhes fazem. Alô Hannah Arendt!
Brecht, no poema “À posteridade”, cita a desordem e a fome, os massacres e os carniceiros, o ultraje pela injustiça e o desespero quando havia apenas erro e não ultraje …
Tudo causado inocentemente pelas pessoas que também não sabem que são instrumentos, assim como o aparato técnico de que se utiliza.
Entre as técnicas mais potencialmente perniciosas estão as “ensinadas” pelos intitulados “cientistas” sociais, os economistas em especial.
Após a primeira Guerra Mundial, Paul Valéry disse “Nós, civilizações, sabemos agora que somos mortais.”
Após Hiroshima, sabemos que a humanidade inteira pode, finalmente, suprimir a si mesma!. Não se trata mais de civilizações, mas da humanidade. Evoluímos!
“Ciência sem consciência é apenas ruína da alma”. (Rabelais)
Com a bomba atômica nos habilitamos a nos destruir. A entente estabelecida entre os potenciais exterminadores manteve uma sempre frágil “détente“.
O trabalho incessante dos homens continua, subjacentemente, a nos destruir como espécie. Como a água, procuramos caminhos para o nosso fim: os interesses individuais prevalecendo sobre o conjunto da humanidade.
A maldade humana continua sendo cultivada; ilude-se quem pensa que o bem sempre vence. Por isso, a Justiça precisa ser reforçada.
A maldade, percebamos, virou uma banalidade, embora, às vezes, sutil, apresentada como indiferença, discriminações, regras “meritórias” etc.
“… os campos de concentração estão entre as mais sombrias e assustadoras ‘invenções’ , justamente por nos revelar uma face da humanidade até então desconhecida ou ao menos ignorada: aquela capaz de organizar racional e institucionalmente o extermínio em massa de seus integrantes.” (Tzvetan Todorov)
Há uma confusão, como diz André Comte-Sponville, entre “primado” e “primazia”.
Na ordem da explicação dos fatos, é o inferior que prima – é o primado da matéria; mas, no campo prático, no campo normativo, a primazia cabe aos “valores”.
“O primado é a maior importância objetiva; a primazia é o mais alto valor subjetivo.
… o pensamento de um homem tem mais valor do que seu cérebro; o primado da sexualidade tem sua primazia no amor; há o primado do inconsciente, mas primazia do consciente; primado do corpo, mas primazia do espírito.” (Comte-Sponville)
Marx acentuava, por exemplo, o primado do econômico, porém ressaltava a primazia da política.