
Numa palestra, Richard Feynman advertia: “… devemos olhar para as teorias que não funcionam e para a ciência que não é ciência. (…) É muito perigoso ter tal política de ensino – ensinar aos alunos apenas como obter certos resultados, em vez de como fazer um experimento com integridade científica.”
Estereótipos são recursos de classificação. Objetivam simplificar a relação imagem- conceito.
A palavra foi tomada emprestada das técnicas de impressão por Walter Lippmann, em 1922: “Uma placa de impressão colada a um molde. Como essa placa é feita de metal, é difícil, uma vez moldada, mudá-la. Cada vez que ela imprime, produz a mesma impressão, a mesma imagem”.
Estereótipos são a forma mais simplificada de se enxergar padrões.
A civilização é uma soma de repetições, ou pelo menos uma tentativa de repetições.
Somos treinados, desde crianças, a reconhecer e reproduzir padrões. Assim é o processo educacional: reprodução, reprodução, repro… ou, reprovação, reprovação …
Além de reconhecimento de padrões, aprendemos também a tentar impor nosso ponto de vista. Se não formos capazes de o impor, perderemos. Nosso modo de pensar cria o sistema, e depois afirmamos que ele é inevitável devido a nosso modo de pensar. Pensamento senão tautológico, circular.
“O que a educação oferece se distancia mais e mais das necessidades da sociedade e de seus membros. (…)
As escolas e as pessoas estão bloqueadas pelos exames atuais e pelas necessidades das universidades.
As pessoas que dirigem o sistema cresceram junto com o sistema atual, tornaram-se peritas em sua administração e, por isso, não vêem necessidade de mudança.
A educação é como uma pirâmide. Todo mundo na base da pirâmide recebe instrução, de modo que os 20% do topo (ou mais) vão para a universidade.
Os 80% que não conseguem chegar à universidade são ‘rejeitados’.
O que eles aprenderam foi a se preparar para passar nos exames e entrar na universidade.
Boa parte disso tem pouco valor no mundo lá fora; os estudantes foram treinados para participar de uma corrida; mas, se não conseguirem se classificar nessa corrida específica, seu treinamento não lhes servirá para muita coisa em nenhum outro lugar.” (Edward de Bono)
Edward de Bono morreu neste mês, aos 88 anos. Não pode ser esquecido. Para muitos, foi “uma das poucas pessoas na história que pode ter tido um grande impacto em nossa maneira de pensar”.
“O cérebro foi especialmente concebido para não ser criativo. Foi concebido para se ajustar a um mundo estável. É um ambiente que se auto-organiza, no qual as informações que entram se organizam em padrões. Uma vez formados os padrões, tudo que o cérebro precisa fazer é reconhecê-los e seguir a trilha. É pelo uso desses padrões de rotina que conseguimos lidar tão bem com um mundo complexo.
O lado negativo dos padrões é que, uma vez estabelecidos, nos prendem numa armadilha.
Nós não temos outra opção a não ser usar padrões ou esquemas já estabelecidos em mais de 90% de nosso raciocínio e comportamento.
Precisamos da capacidade de desafiar esses padrões de vez em quando, com o objetivo de criar padrões melhores.” (de Bono)
O cérebro humano, acreditava de Bono, opera de duas maneiras distintas, uma analítica e outra criativa. O que ele chamou de “pensamento lateral” é uma série de técnicas para afrouxar o controle que esses padrões analíticos estabelecidos – que são eficazes para lidar com situações familiares, mas muito menos adequados para lidar com novas – têm na maneira como tentamos entender o mundo.
O sistema de “juízo” que criamos, baseado em padrões, não foi concebido para mudar.