Sobre o monoteísmo judaico

Giovanni Francesco Castiglione (Genoa 1641-1710)
(Giovanni Francesco Castiglione (1641-1710) Deus Criando os Animais)

O monoteísmo judaico não era mono, no início. Havia deuses nacionais, subordinados ao Deus Altíssimo (Shaddai), referido em Gênesis 14, 20.

O Deus Altíssimo (Elion) é citado por Melquisedeque: “e bendito seja o Deus Altíssimo que entregou teus inimigos em tuas mãos”.

Em Juízes 11, 23-24, vê-se a pluralidade de deuses: “E agora que Iahweh, Deus de Israel, expulsou os amorreus da sua terra ante o seu povo, Israel, serás tu que nos expulsarás? Não possuis tudo o que o teu deus Camos te deu? Do mesmo modo tudo o que Iahweh, o nosso Deus, tomou dos seus possuidores, nós o possuímos!”

Camos era o deus dos moabitas; o dos amonitas era Melcom.

Parece claro que o Altíssimo é o superior de Iahweh e de outros deuses ou eloim.

Shaddai, o Deus Altíssimo, deus celeste, supremo e longínquo, repartiu os humanos em tantas nações quantas são as divindades por baixo dele; cada nação terá seu eloim, seu deus local, mas o deus supremo fez dos filhos de Israel um lote à parte, reservado por privilégio a um desses eloim, Iahweh.” (Paul Veyne)

Essa nacionalidade divina é mais clara em Miquéias 4, 5: “Sim, todos os povos caminham, cada qual em nome do seu deus; nós, porém, caminhamos em nome de Iahweh, nosso Deus, para sempre e eternamente!”.

A rigor, o Deus bíblico aparece no Velho Testamento sob dois aspectos distintos. De início, de Adão a Noé, ele surge como o autor único do céu, da terra e do dilúvio. Depois, aparece como o deus nacional de Israel, deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, ou de Moisés.

Na primeira situação ele é um deus cósmico, conforme reforçado em Deuteronômio 10, 14: “Vê: é a Iahweh teu Deus que pertencem os céus e os céus dos céus, a terra e tudo o que nela existe.”

Depois, como citado, são mencionados outros deuses, que à semelhança de Iahweh, são citados como deuses nacionais: “Habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu Deus”, Êxodo 29, 45.

Era necessário um deus único. Servir a mais de um senhor não uniria o povo. O Deus ciumento, então, fazia sentido; para ser protegido se requeria exclusividade.

Depois, naturalmente, chegou-se ao entendimento de um monoteísmo com seu universalismo.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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