
Pedro Bruno (1888-1949), ao pintar o quadro “A Pátria” queria representá-la como uma construção da nação. Requereria calma, serenidade, colaboração e persistência. União em torno de um propósito. Mas, depois, se não se tomar cuidado, alguém se apropria.
Agora, por exemplo, há um grupo que se julga porta-bandeira, único defensor dos valores pátrios.
Não há um paralelismo entre os que hoje se intitulam defensores da democracia com respaldo militar e os que se levantaram contra a República Velha.
No próximo ano a Revolta do Forte de Copacabana – a primeira revolta do movimento Tenentista – completa 100 anos. Estarão tentando reeditá-la?
A cisão que dia-a-dia se forma nas Forças Armadas, criando um clima de potencial insubordinação de oficiais, com a quebra da disciplina militar, é um plano para um novo Tenentismo?
Há uma república velha a ser derrubada? Se há, por que se aliam aos políticos que ela representa?
A República Velha era oligárquica, atrelada ao latifúndio e ao poderio dos fazendeiros: não é essa a trajetória atual, apoiada e louvada pelo governo?
Em 1922, a crítica era contra o “voto de cabresto”; agora é contra o “voto eletrônico”.
Na Economia havia discussão entre os “papelistas” e os “metalistas” (os metalistas defendiam o padrão-ouro e a conversibilidade da moeda; os papelistas, consideravam isso como amarras às políticas monetárias e cambiais). Hoje, o assunto é a moeda oficial digital, sem polêmicas (pouco entendida).
Há um século, a roda girava ao redor do café; agora, é a soja.
O país continua agroexportador – celeiro do mundo e seleiro para poucos. Nada muda, só os outros.
Sempre teremos os outros para apontar como responsáveis por nosso atraso – afinal somos uma economia dependente, reflexa, subordinada – subdesenvolvida. Alguém tem que cuidar de nós – e não cuidam, ao contrário!
Esquecemos que nosso “atraso” é uma opção, que fizemos.
Não vemos as “limitações” que nos impomos. Os constrangimentos ao nosso desenvolvimento são internos: capital humano descuidado, baixa produtividade, regras de negócio para desestímulo de negócios, investimentos sofríveis em tecnologia, educação vista como despesa …
O que levaria a um levante tenentista? As reais bandeiras não são levantadas!