
Quase toda criança é curiosa. Nós, adultos, nos empenhamos em tirar dela essa alegria da descoberta. Procuramos lhe entregar tudo pronto, definido: isso pode, aquilo não! Isso é bom, o outro nem tanto.
A escola é o principal agente da uniformização do conhecimento. Age, ainda, impondo limites. Principalmente comportamentais. Educação para vencer – os outros – mesmo que se perca a humanidade, sua alma.
Vencer é uma tolice; cooperar é o que edifica. A vida é teia, não pontos.
Hoje temos acesso a todas as culturas do mundo e a uma enorme disponibilidade de “conhecimentos”. No passado não muito remoto, conhecíamos o que nos cercava, as culturas e práticas locais.
Essa superabundância ao invés de libertadora tem sido sufocante e embaralhadora. A educação deveria ser voltada para a seleção de conteúdos e não para soterrar o aluno.
Não dá para se percorrer todo o território do conhecimento, mas precisamos de um mapa que nos ajude a chegarmos aos pontos que nos interessam.
A curiosidade, além de ser o motor da criatividade e das descobertas, também tem sua utilidade moral, acompanhando Amós Oz.
“… a curiosidade também é uma virtude moral.
Uma pessoa interessada é uma pessoa um pouco melhor, um progenitor melhor, um parceiro, vizinho e colega melhor do que uma pessoa não curiosa. Um amante melhor também.
… a curiosidade, juntamente com o humor, são dois antídotos de primeira linha ao fanatismo.
Fanáticos não têm senso de humor, e raramente são curiosos.
Porque o humor corrói as bases do fanatismo, e a curiosidade agride o fanatismo ao trazer à baila o risco da aventura, questionando, e às vezes até descobrindo que suas próprias respostas estão erradas.”