
Educação não é prioridade por aqui. Neste governo tivemos um ministro que durou três meses, o Breve; depois, um que imaginava que assumira o ministério da Propaganda, e agora um terceiro – acho que chama-se Ribeiro, abaixo.
“A crise da Educação no Brasil não é uma crise; é um projeto“, constatava outro Ribeiro, o Darcy.
Cultuamos o atraso: o foco está no ensino quando deveria ser o aprendizado, de fato.
O ensino não deveria ser visto como “projeção”, assim como não cabe ver o aprendizado como “introjeção” (ou incorporação). Projeção e introjeção quando extremados levam à paranoia ou à neurose, respectivamente.
Aprendizado é o que é cultivado – pelo próprio aluno.
A sala de aula virou um tormento para os alunos; as aulas híbridas pioraram o quadro, inclusive para os pais. Os alunos não entendem o porquê têm que “aprender” isso ou aquilo. Muitos desistem – o processo não lhe retribui prazer, só exigências – trabalhos e mais trabalhos. Os professores também estão perdidos e decepcionados – sabem que algo está errado.
Interessante: alguém pergunta à criança o que ele acha disso?
“O que importa é o desempenho nas provas, não o estímulo ao pensamento independente, à discussão sadia e baseada em ideias concretas. Tudo o que se faz é exigir que pobres coitados, filhos de pais endinheirados ou não, vomitem em uma folha de papel tudo aquilo que foi empurrado para o espaço compreendido entre suas duas orelhas e que não deixem de pagar as suas mensalidades. Hoje, aluno é ‘cliente’.” (Regis Tadeu, em 2012)
A pandemia vai alargar o fosso educacional: segundo a Unicef, temos 1,3 milhão de crianças e adolescentes sem matrícula vigente que se somam a mais de 4 milhões de alunos que deixaram de estudar devido à Covid-19.
Carecemos discutir a educação no Brasil (e não a questão do homeschooling, perfunctório).
Ao invés de se debater a realização ou não da Copa América aqui, que avaliemos o que está acontecendo com nossas crianças nas escolas.
Lembro do que dizia Anísio Teixeira: “… as coisas só vão andar para frente nesse país quando começarmos a debater educação com a mesma seriedade com que se discute futebol.”