
Alfred Rosenberg foi um dos fundadores do Partido Nazista e era considerado o pai do nacional-socialismo pelo próprio Hitler. Foi, ainda, o principal ideólogo do Holocausto.
Era o Spiritus Rector, o guia intelectual da Alemanha nacional-socialista.
Acreditava de pés juntos na supremacia branca, em especial dos alemães e dos escandinavos – negros e judeus seriam raças inferiores.
Em 1941, tornou-se ministro do Reich para os territórios ocupados do Leste. Lá pôde descarregar seu ódio – mandou executar milhares de homens, mulheres e crianças – tudo relatado em detalhes nos seus diários.
Também, organizou o roubo de quadros e outros bens culturais em toda a Europa.
Era a glória. Não devia lhe passar pela cabeça que em outubro de 1946 seria enforcado, depois de julgado em Nuremberg.
O sujeito nasceu na Estônia, numa família de ascendência germano-báltica. Estudou arquitetura na Letônia e na Rússia.
Mudou-se para a Alemanha em 1918. Encontrou um país arrasado moralmente pela derrota e um ambiente explosivo, revolucionário.
Aliou-se logo aos grupos nacionalistas e passou a divulgar panfletos (a rede social da época) antissemitas e anticomunistas. Para ele, o comunismo era fruto dos judeus.
Em 1920, publicou seu primeiro livro, “A marca do judeu ao longo da história”.
Nele, há o dedo apontado para os judeus como “causa” da miséria alemã de então:
“(…) as forças que hoje chegam à superfície há tempos estavam agindo secretamente. (…) não podemos enterrar para sempre a esperança de o Império alemão se tornar – após um longo, longo tempo – a terra dos alemães, e não o campo de jogos para os gozos de poder estrangeiros, judaicos. (…) Em toda frieza intelectual da natureza judaica, é preciso fazer uma distinção entre dois momentos: entre as forças motivacionais racionais e aquelas de natureza mais emocional. As primeiras compreendem a clara perseguição tanto de interesses pessoais quanto nacionais e sua ponderação ao intervir na política dos países; as últimas, a paixão veemente do ódio contra outros povos, que com frequência atravessa esses cálculos.”
Percebe-se, nas advertências, uma certa admiração pela “contrarraça”, como ele designava os judeus.
As passagens antissemitas de Mein Kampf, de Hitler, foram inspiradas no livro de Rosenberg.
Seu livro de 1930, “O mito do século XX”, virou um best-seller, com mais de um milhão de exemplares vendidos. É o máximo do delírio antijudaico.
Rosenberg, por sua vez, inspirou-se nos textos de Paul de Lagarde e de Houston Chamberlain. O primeiro era alemão, apesar do nome; o segundo, inglês.
O Chamberlain, com sua prosa antissemita, terminou por casar-se com uma das filhas de Wagner. Ele se apoiava nas ideias racistas de Joseph de Gobineau. Quando morreu, em 1927, Hitler foi um dos poucos a comparecer a seu funeral.
O ódio é uma semente que prospera em ambientes com mínimas qualidades.
Uma das “contribuições” de Rosenberg, como já disse, foi associar o movimento bolchevique com o judaísmo: “O bolchevismo não foi nem é a luta por uma ideia social, mas uma luta política do judaísmo de todos os países contra a inteligência nacional de todos os povos”, anotou nos seus diários.
Alimentava a ideia de transportar todos os judeus para Madagascar. Depois mudou e optou pelo extermínio.
Rosenberg não era brilhante; era esforçado e motivado por suas crenças.
Como uma pessoa mediana consegue ser o “intelectual” inspirador de uma ditadura?! Simples: inteligência, brilhantismo cultural e intelectual são dispensáveis. As pessoas que seguem um ditador não pensam, replicam – de preferência palavras de ordem, memes, passeatas. Aí Goebbels entrava em cena, outro mediano, porém midiático.
Hitler, Rosenberg, Goebbels … uma cadeia de medíocres, infelizes e mal sucedidos no que pretendiam fazer originalmente. A política abraça esses incompetentes – e lhes dá poder!