Despedida de Maturana

(Humberto Maturana, 1928-2021)

Escrevi ontem um post sobre o trabalho de Humberto Maturana: (https://wordpress.com/post/balaiocaotico.com/9799).

Hoje, ele morreu, aos 92 anos.

Não há causalidade nisso, por favor!; talvez sincronicidade, uma coincidência significativa, diria Jung.

“Seres vivos são sistemas autopoiéticos moleculares, ou seja, sistemas moleculares que nós mesmos produzimos, e a realização dessa produção de nós mesmos como sistemas moleculares constitui o viver”, disse Maturana num entrevista à BBC, em janeiro de 2019.

De acordo com sua teoria, todo ser vivo é um sistema fechado que continuamente se cria e, portanto, se repara, se mantém e se modifica.

No mês passado, Maturana concedeu sua última entrevista pública na qual já antecipava sua possível partida:

“É absolutamente legítimo dizer até aqui que estou vivo. Eu, Humberto Maturana, quero escolher o momento em que vou morrer, não quero ser um fardo, não quero prejudicar e não quero contribuir para o crescimento populacional, porque faz mal a todos . O modo de vida do ser humano tem sido absolutamente destrutivo.”

A vida como circularidade: “estamos num mundo que aparenta estar ali antes da reflexão começar, mas esse mundo não está separado de nós”, nas palavras de Francisco Varela, seu parceiro.

“Veja, o que ocorre é que o DNA participa da síntese das proteínas, e as proteínas participam da síntese do DNA. (…) Isso pareceu-me a síntese mínima do que seja um ser vivo: um processo circular de produções moleculares no qual o que se mantém é a circularidade das produções moleculares. Mantém-se a circularidade mas não a forma, que pode variar.” (Maturana)

Seres vivos: sistemas de organização circular, nos quais a circularidade tem que se conservar, resumia.

Minha gratidão à generosidade de Maturana e à sua capacidade de se ver como parte.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

Um comentário em “Despedida de Maturana

  1. Bastante simploria a definição do ser vivo. Não deixa de ser verdadeira a afirmação de Maturana. O primeiro ser vivo foi criado o segundo também criado pela junção de moleculas, particulas do primeiro homem. Se bem entendi o pensamento do autor, começamos como moléculas que se tornaram embriões. O Mundo contemporâneo fez Maturana decidir não procriar (DNA) e assim evitaria o desconforto de uma vida sem proposito e vegetativa sendo um fardo a outrem como o próprio autor descreve. Não devemos na interpretação do texto atermos a religiosidade e sim a ciência. Coaduna minha ideia com Maturana que claramente faz a composição de DNA com moleculas. Sem essas moleculas seria impossivel a formação de um ser no ventre materno. Desculpe-me as teorias contrarias mas é bem claro e evidente. Somos formados e moleculas e com o tempo essas mesmas moleculas se degeneram, Maturana preferiu escolher a nao degeneração de suas moleculas em vida. Ou seja um fardo. Porém, resalvo que Maturana pouco deu valor as moleculas que foi formado. É um direito dele.

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