Carregamos, individualmente, uma história de milhões de anos

(Humberto Maturana)

A biologia “tradicional”, numa abordagem reducionista, considera a vida como uma reação baseada tão somente nos ácidos nucleicos, em resumo.

Mas, começa a se destacar a biologia sistêmica, na qual o comportamento do inteiro e complexo sistema biológico é visto como mais importante – ou tão quanto – o evento molecular isolado.

Isso nos remete às ideias de Humberto Maturana e Francisco Varela, chilenos, divulgadas nos anos 1970, abarcadas no conceito de autopoiese.

A autopoiese, autocriação, analisa o ser vivente tal como ele se encontra aqui e agora e ocupa-se com os diversos processos ligados à vida, tais como a interação com o ambiente, a evolução e a cognição.

A análise autopoiética do vivente se baseia na vida celular.

A célula é um sistema cuja ocupação principal é a sua autoconservação. A vida celular é uma propriedade distribuída em todo o conjunto da estrutura celular, em virtude das múltiplas e recíprocas interações entre seus componentes, incluindo as interações com a membrana.

“O conceito de uma unidade que tem sua própria definição em uma propriedade distribuída, não localizada, é uma ideia central da teoria da complexidade“, aponta Pier Luigi Luisi.

A vida seria uma propriedade emergente, tanto no nível celular quanto no nível macroscópico.

“… a história de vida de todo organismo é uma história de mudanças estruturais coerente com a história de mudanças estruturais do meio em que ele existe …

Cada organismo começa sua existência como uma célula, e como tal ele tem certas estruturas iniciais.

A estrutura inicial de cada organismo, no começo de sua história individual, é, ela própria, o resultado de uma outra história, que é a história da filogenia – a sequência de reprodução que leva àquela célula, que é o início de um organismo particular. (…)

Cada célula é ela própria o resultado de uma longa história, que implica milhões de anos, uma história de sucessivas reproduções bem-sucedidas, e cada célula pertence a uma das muitas linhagens que possivelmente derivaram de um ponto comum em um passado remoto. (…)

Não somente estamos aqui agora como resultado de nossas histórias individuais, mas também como resultado da história de nossos ancestrais.

De certo modo, todos temos a mesma idade, e todas as nossas células têm a mesma idade – milhões de anos – se vemos não apenas nossas ontogenias individuais, mas também as filogenias …” (Humberto Maturana)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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