
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (A Igreja Mórmon), ou LDS (Latter-day Saints) se apresenta como a única religião verdadeira no mundo. Pode ser, mas não é única a dizer isso.
No topo da pirâmide hierárquica da LDS encontra-se o “Presidente, Profeta, Vidente e Revelador”, que se acredita ser o porta-voz direto de Deus na Terra. Também não é a única.
Ela se denomina como cristã restauracionista e conservadora. Hoje já contam 16 milhões de adeptos mundo afora.
Restauracionista porque, alegam, a mensagem cristã foi adulterada e o que conhecemos hoje sobre o Cristianismo é na verdade sua deturpação. Joseph Smith é que teve acesso por meio da revelação ao que há de verdadeiro na religião fundada por Jesus Cristo.
O Livro dos Mórmons seria o Terceiro Testamento.
Joseph Smith, seu fundador, retirou-se em oração e afirmou ter recebido uma visão numa manhã de primavera de 1820, na qual Deus e Jesus lhe ordenaram que não se filiasse a nenhuma das igrejas existentes, mas que restaurasse a verdadeira Igreja de Cristo.
“E virá a suceder que eu, o Senhor Deus, enviarei um homem forte e poderoso, trazendo nas mãos o cetro do poder, vestido de luz, cuja boca pronunciará palavras, palavras eternas; suas entranhas serão uma fonte de verdade, para colocar em ordem a casa de Deus.” (Doutrina e mandamentos, artigo 85 – Revelado a Joseph Smith)
Num de seus últimos sermões, afirmou:
“… se todos os mestres religiosos fossem suficientemente honestos para renunciar a suas pretensões de santidade, quando se torna manifesta sua ignorância no tocante ao conhecimento de Deus, estariam em tão má situação quanto eu, pelo menos; e vós poderíeis tirar igualmente a vida de outros falsos mestres como a minha.
Se qualquer homem está autorizado a matar-me, porque pensa ou afirma que sou um falso mestre, então, baseados no mesmo princípio, estaríamos justificados em exterminar todos os falsos mestres, e onde acabaria o derramamento de sangue? E quem não seria atingido?” (Joseph Smith Jr, Conferência Geral de 6 de abril de 1844)
Ele foi assassinado dois meses depois, em 27 de junho de 1844, juntamente com seu irmão, Hyrum, quando uma multidão enfurecida invadiu a cadeia onde eles estavam presos.
Os adeptos o consideram um profeta de estatura comparável às de Moisés e Isaías.
Após sua morte, os mórmons passaram a ser liderados por Brigham Young, intitulado “o Moisés redivivo”, por guiar a marcha para o Oeste em demanda da terra prometida. Fundaram o estado de Utah.
Houve o conhecido episódio em que Brigham Young, nos primeiros dias no estado de Utah, imaginando-se numa daquelas guerras santas do Antigo Testamento, ordenou o massacre de colonos não-mórmons.
Esse éden, com dogmas restaurados, pode levar a extremos, a fanatismos – não só entre os mórmons, claro.
Os fanáticos imaginam que sua motivação é a esperança de uma recompensa final maior, mesmo que a recompensa seja a própria obsessão.
Chega-se a um ponto em que o extremo encerra uma atração irresistível; dominando as ações após ter controlado todo o pensar. A fé anula a razão.
Em julho de 1984, dois irmãos assassinaram a facadas uma cunhada, de 24 anos, e sua filhinha, de 15 meses.
Um deles dizia que “estava cumprindo a vontade de Deus, e isso não é crime”.
Os assassinos queriam “restaurar”, desta vez, a verdadeira igreja de Joseph Smith.
Entre os pontos a ser restaurados estava a poligamia.
Os casamentos plurais (como eles gostam de denominá-los), tinham sido vistos pelos mórmons como preceito divino, prática normal e recomendada aos homens cujos rendimentos os possibilitavam terem mais de uma mulher.
O próprio Joseph Smith casou-se com pelo menos trinta e três mulheres, ou, provavelmente com quarenta e oito. A mais jovem delas tinha 14 anos quando Joseph lhe explicou que Deus havia ordenado que ela se casasse com ele ou sofresse o castigo eterno.
A poligamia só foi abolida após o presidente James Buchanan enviar o exército para invadir Utah e desmantelar a teocracia de Brigham Young, em 1857.