(Tradução do árabe por Mamede Mustafa Jarouche)
“Disseram ao poeta Al-Mutanabbi:
– As notícias sobre a sua avareza se espalharam por todo canto, tornando-se motivo de conversas noturnas entre muitos camaradas.
Em suas poesias, porém, você louva a generosidade e seus praticantes, e censura a prática da avareza.
Não foi você que disse em um de seus versos: “Há quem gaste seu tempo reunindo dinheiro, por medo à pobreza; essa atitude é que é pobre”?
Todos sabem que a avareza é horrível, mas vinda de você é ainda pior, pois você afeta orgulho e graves desígnios, e busca ser rei. E a avareza é a negação disso tudo.
Al-Mutanabbi respondeu:
– Minha avareza tem um motivo.
Quando jovem, mudei-me de Kufa para Bagdá e aqui cheguei com cinco moedas de prata enrolados em um lenço.
Pus-me a caminhar pelas ruas da cidade e passei por uma frutaria na qual vi cinco melancias fresquinhas.
Gostei muito delas e, querendo comprá-las com minhas moedas, dirigi-me ao fruteiro perguntando: “Por quanto você está vendendo estas cinco melancias?”
Ele respondeu com indiferença: “Vá embora, isto não é para você comer”.
Avancei para ele e insisti: “Fulano, deixe de me irritar e diga o preço!”
Ele respondeu: “Dez moedas de prata”.
Fiquei tão chocado que não consegui pechinchar.
Parei perplexo e lhe ofereci as cinco moedas, mas ele não aceitou.
Então, passou um velho mercador que fechara a loja e agora ia para casa.
O fruteiro correu até o homem, rogou a Deus por ele e disse: “Meu amo, tenho aqui melancias frescas. O senhor me autoriza a carregá-las para a sua casa?”
O velho respondeu: “Ai de ti! Quanto custam?”
Respondeu: “Cinco moedas de prata”.
O velho retrucou: “Pago duas moedas”, e por duas moedas de prata o fruteiro vendeu as cinco melancias ao mercador, carregou-as até a sua casa, rogou a Deus por ele e, tendo feito aquilo, retornou feliz para a frutaria.
Perguntei-lhe: “Fulano, nunca vi nada mais espantoso do que a sua estupidez. Você exigiu de mim um valor bem alto pelas melancias, mas depois fez o que fez!
Eu havia lhe oferecido cinco moedas pelas melancias, e você as vendeu por duas, e as carregou até a casa do homem!”
Ele respondeu: “Cale-se! Esse homem possui cem mil moedas de ouro!”
Aprendi então que os homens não dignificam senão quem eles suponham ter cem mil moedas de ouro.
E eu permanecerei da maneira que você está vendo até ouvir as pessoas dizerem que Al-Mutanabbi possui cem mil moedas de ouro.”
Triste Al-Mutanabbi, guiar-se pelos referenciais dos outros.
Triste fruteiro, valorizar o que não tem, ao invés de suas melancias.
Triste quem valoriza os bens acumulados ao invés do saber viver.
A subserviência aos ricos e à riqueza é um atoleiro moral – antes que um estímulo. A riqueza material é ilusão e causa da maioria dos problemas da humanidade – porque lhe valorizam.
É só uma opinião. Sem valor.
Muito interessante. Consegui extrair do lindo texto que infelizmente o homem e visto, respeitado ppor quanto dinheiro possui. E isso petdira ate os nossos dias. Na verdade no caso desse homem nao foi a avareza como pense acreditar no principio. Mas sim a nessecidade que o mundo nos impõe. Vc vale quanto vc tem. Bela lição.
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