
“O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem uma visão ‘economicista da questão do meio ambiente e correta das coisas’”, disse Hamilton Mourão há poucos dias.
O que significa “economicista”, para o ministro? Qual o seu objetivo, para além do discurso do “interesse nacional”?
Após mais uma aparente “reviravolta” no encaminhamento da política ambiental, o governo escreveu a Biden (“Queremos reafirmar, nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030”), após ter segurado a valentia manifestada em novembro do ano passado (“quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”).
Quer dizer que qualquer eventual ação de combate aos desmatamentos, ocupações de terras indígenas e outras agressões à nossa natureza será para atender Biden, não aos nossos interesses?
Acabar o desmatamento ilegal em 2030? Talvez não haja mais florestas a derrubar! O que falta, além de vontade política, para combater os conhecidos grileiros – e seus parceiros? Não são “milhares” de pequenos agricultores, como se uma reforma agrária pudesse ser interrompida. São meia dúzia de seis, como se diz.
Agora, o economicista alega que falta dinheiro para conter o desmatamento. Se o problema é dinheiro, por que esculhambou o apoio da Noruega e Alemanha, através do Fundo Amazônia?
Ele “cobra” US$ 10 bilhões por ano em ajuda externa para zerar as emissões – em 2050!
Ora, isso deveria ser uma decisão interna, uma vontade da nação, um projeto político.
E, sabemos, em curto prazo. Isto é barganha ou beicinho, quando uma criança faz algo que lhe desagrada?
Sinto vergonha, como brasileiro, termos que tomar medidas que nos interessam só após pressões externas. Além disso, alguém acredita em promessas desse governo, cujo símbolo poderia ser a “biruta”, que é direcionada conforme os ventos?
Vejam o resumo que a BBC fez:
“O ministro do meio ambiente do Brasil diz que o país precisa de US$ 10 bilhões (£ 7,2 bilhões) por ano em ajuda externa para chegar a emissões zero até 2050.
A mudança significaria que o Brasil poderia atingir a cifra simbólica 10 anos antes do planejado atualmente.
Ela vem antes da cúpula do clima do presidente dos EUA, Joe Biden, na próxima semana.
As políticas ambientais do Brasil trouxeram condenação internacional desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo, há dois anos.
Ele tem incentivado a agricultura e as atividades de mineração na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que US$ 1 bilhão seria usado para atingir o desmatamento ilegal zero na Amazônia até 2030.
Ele acrescentou que um terço do dinheiro seria usado para recrutar mais agentes ambientais, potencialmente da polícia militar nacional.
O restante seria usado para investir no desenvolvimento sustentável da Amazônia, disse ele à agência de notícias Reuters.
Salles disse que não espera que um acordo seja feito antes da cúpula virtual da próxima semana.”
(https://www.bbc.com/news/world-latin-america-56781626?utm_)