
HISTÓRIA DO BURRO, DO REI E DO JUDEU (Contada por Carlos Heitor Cony)
“Deu-se que o rei tinha um burro de estimação -o que não era uma raridade, geralmente os reis costumam estimar muitos burros.
Querendo melhorar o lado performático do animal, o rei baixou edital prometendo dar mil moedas de ouro àquele que ensinasse o burro a falar. Caso não conseguisse, o pretendente seria enforcado.
Somente um judeu apresentou-se, mas com uma condição: precisaria de dez anos para fazer o burro falar. O rei topou, deu-lhe metade do prêmio.
Quem não topou foi a mulher do judeu. ‘Você está maluco? Devolva esse dinheiro, do contrário será enforcado daqui a dez anos!’
O judeu explicou: ‘Mulher, daqui a dez anos ou morre o rei, ou morre o burro ou morro eu’.”
Promessas – matéria prima dos políticos – também lhe alimentam. Assim como um ministro pode acreditar que tem o poder de manipular seu superior, este também acredita nas suas promessas, por exemplo.
A FÁBULA DO REI E DO BURRO METEOROLOGISTA“Era uma vez um rei que queria ir pescar …
Consultou o seu Ministro da Meteorologia que lhe disse que iria estar bom tempo.
No entanto, no caminho para a pescaria, encontrou um velho camponês, montado no seu ainda mais velho burro que lhe assegurou que iria chover:
– Majestade, é melhor não ir à pesca hoje pois vai chover bastante.
– Meu bom homem, eu tenho um Ministro da Meteorologia, bem informado e melhor pago, que me jurou que não choverá. Vou seguir em frente.
E o rei, confiando mais no seu erudito Ministro da Meteorologia do que na simplicidade camponesa do velho, decidiu ir pescar … e caiu um temporal.
Furioso, chegou ao palácio e despediu o Ministro.
Mandou chamar o camponês com intenção de o contratar para o lugar mas este, sincero (não era político), disse-lhe que não possuía quaisquer dotes de adivinhação do tempo … simplesmente se guiava pelas orelhas do seu burro:
Se estivessem arrebitadas o tempo estaria bom.. senão, se estivessem baixas, iria chover.
O Rei então decidiu contratar o burro para Ministro da Meteorologia.
E assim começou o costume de se nomear burros para o governo …”
O VELHO E O BURRO (publicada em O Mentor das Brasileiras, 1829)
“Viajava um velho por uma estrada com um burro carregado; saíram de emboscada uns ladrões, e para eles se encaminharam com ânimo de fazer presa no burro com a carga que conduzia.O velho assustado, com boas palavras persuadia ao sendeiro, que apressasse os passos para poderem escapar das garras dos ladrões que se aproximavam.
Porém o burro cada vez mais vagaroso lhe perguntou: se acaso ele caísse no poder dos ladrões, se estes lhe poriam
duas albardas; ao que respondeu francamente o velho, que não lhe poriam mais que uma.Então o burro sem alterar o seu passo vagaroso, lhe tornou: pois que me importa que eu sirva a ti ou a eles, contanto que eu leve as minhas albardas?”
Moralidade:
Esta fábula nos oferece grandes moralidades, se a lermos com reflexão.O seu autor quis por ela, mostrar que quando se trata da mudança dos principados dos Reis, os pobres nada mudam se não o nome do Senhor; mas nós descobrimos mais uma idéia de moralidade ao comportamento do burro para com o velho seu Senhor.
O burro nenhuma utilidade encontrou em fugir das garras dos ladrões, e acompanhar ao velho uma vez que a sua sorte não melhorava, e a sua condição era sempre a de servir debaixo das cargas, e do azorrague.
Muitos, brevemente, farão a opção do burro: a do menor prejuízo.