Temos demasiados meios para escassos e raquíticos fins

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(Duas misérias: pobreza extrema e lixões)

Volto à encíclica Laudato si’ (“Louvado sejas”), do papa Francisco, de 2015.

Nela, o pontífice critica o consumo obsessivo e o desenvolvimento irresponsável e, apela à unificação global para o combate da degradação ambiental e às alterações climáticas.

“Quando as pessoas se tornam autorreferenciais e se isolam na própria consciência, aumentam a sua voracidade: quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir.

Em tal contexto, parece não ser possível, para uma pessoa, aceitar que a realidade lhe assinale limites.”

Caímos facilmente, mas também somos capazes de superação e de regeneração, para além de condicionalismos psicológicos e sociais.

Se mudarmos nossos estilos de vida poderemos exercer pressão sobre as empresas e políticos, direcionando-os para ciclos sustentáveis de produção, redução do lixo e do desperdício que nos vendem como se fossem valores mercadológicos.

É hora de sopesarmos alguns “atributos de valor” imaginados para um planeta inesgotável e “lixão” da humanidade : comodidade, luxo, sofisticação, shelf life, embalagens cartonadas, praticidade … quais seus custos ambientais e se os consumidores gostariam de dispor de opções mais baratas.

A mudança necessária parte de cada um, a começar por desenvolver a capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro: “Sem tal capacidade, não se reconhece às outras criaturas o seu valor, não se sente interesse em cuidar de algo para os outros, não se consegue impor limites para evitar o sofrimento ou a degradação do que nos rodeia.”

Sabemos que não é fácil a quebra de hábitos. Embora percebamos que o progresso tecnológico e a mera acumulação de objetos ou busca desenfreada de prazeres não garantem sentido à nossa existência, fomos treinados a vida inteira para lhes dar importância.

A renúncia a esses “vetores de felicidade” requer uma compreensão do nosso papel como parte, e não centro, da natureza.

Vejo isso como uma mudança geracional, desde que haja a implementação da responsabilidade ambiental no processo educativo.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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