Gerda Lerner fugiu do nazismo em 1939, e radicou-se nos EUA. Aos 40 anos pôde iniciar sua educação superior, após criar os filhos, e obteve o Ph.D. na Universidade de Columbia.
Virou referência no estudo da História da Mulher.
Para ela, era importante distinguir sexo de gênero: sexo é biológico; gênero é uma definição cultural de comportamento considerado apropriado aos sexos em dada sociedade, em determinada época. Gênero é um conjunto de papéis culturais.
Fazia a distinção, também, entre “opressão“, “subordinação” e “privação” das mulheres.
A opressão é uma subordinação forçada, sugere vitimação de grupos, raças, classes …
No caso das mulheres não é adequado seu uso, pois elas são ao mesmo tempo sujeitos e agentes. A palavra opressão foca na injustiça – representa a consciência do grupo vitimado de ter sido injustiçado.
As mulheres colaboraram, historicamente, com a própria subordinação; internalizaram tanto os valores que a subordinam, que os passam para os filhos.
Algumas mulheres são “oprimidas” em certo aspecto da vida pelos pais ou maridos, enquanto elas mesmas exercem poder sobre outras mulheres e outros homens.
Ou, como diz Ken Wilber: “os tradicionais papéis do homem e da mulher foram, um dia, perfeitamente necessários e adequados … Houve certas circunstâncias decisivas que fizeram do ‘patriarcado’ algo inevitável para uma grande parte do desenvolvimento humano, e estamos agora chegando a um ponto onde esse arranjo não é mais necessário.”
Em todos os estágios da evolução humana, o homem e a mulher foram co-criadores das formas sociais de interação, conclui Wilber.
Na opinião de Gerda Lerner, a expressão “subordinação das mulheres”, em vez do termo “opressão” é mais apropriado para a relação patriarcal.
“A subordinação não tem a conotação de intenção maldosa da parte do dominante; ela dá margem à possibilidade de conluio entre ele e a subordinada. Inclui a possibilidade de aceitação voluntária do status subordinado em troca de proteção e privilégio. Uso a expressão ‘dominância paternalista’ para essa relação.” (Gerda Lerner)
“Privação“, por outro lado, diz respeito à ausência observada de prerrogativas e privilégios; àquilo que foi negado, não em quem negou.
O foco, portanto, (sempre na concepção de Lerner), deve ser a “emancipação da mulher“.
Emancipação significa: liberdade das restrições impostas pelo sexo, autodeterminação e autonomia.
Autodeterminação: ser livre para decidir o próprio destino; ser livre para definir seu papel social e, ter a liberdade de tomar decisões referentes ao próprio corpo.
Autonomia: conquistar o próprio status, não obtê-lo por meio de herança ou casamento; independência financeira; liberdade de escolher seu estilo de vida e vivenciar sua orientação sexual.
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