
O presidente, com seu olhar especial, só vê quem “aumentou um pouquinho de peso” em função das medidas de distanciamento mas, não vê a mortandade decorrente da pandemia, que aliás, diz que pode resolver esse “problema do vírus em poucos minutos”.
Parece ignorar também que, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mais de 19 milhões de pessoas passam fome no país, 9% da população!
Não há um claro posicionamento político voltado para a redução desses números; vai entrar na conta da pandemia, embora, sem dúvida, esta os tenha posto em evidência e os acentuado.
No mundo, a situação também é crítica: 850 milhões de pessoas são desnutridas. Por outro lado, há 1,7 bilhões com sobrepeso.
Se a humanidade quisesse resolver o problema da fome não seria necessário um esforço heroico.
O PIB mundial está ao redor de US$ 85 trilhões. Neste ano estima-se um crescimento por volta de 6%, o que gerará mais 5,1 trilhões de renda.
A ONU considera como extrema pobreza quem tem até US$ 1,90 de renda por dia, US$ 694 por ano.
A renda máxima consumida pelos 850 milhões de subalimentados é próxima de US$ 600 bilhões, 0,7% do PIB atual.
Destinando-se 1% do PIB (um sexto da previsão de crescimento para o ano) para essas pessoas, dobraríamos sua renda.
Mas, a renda só tende a concentrar-se; ela gira excentricamente. Ela é atraída para os que mais têm.
Por essa razão, o patrimônio total dos bilionários brasileiros aumentou 72% no ano passado: chegando a 219 bilhões de dólares, com a chegada de mais 20 nouveau riche.
No mundo, a riqueza dos bilionários aumentou em US$ 5 trilhões no ano passado!
Um rico atento pode dobrar sua riqueza em pouco tempo, a partir da identificação de oportunidades, possibilidades de aquisição e alavancagem (o crédito é fácil para alguns patamares de riqueza). O pobre preocupa-se com a sobrevivência e, se der, algum futuro para os filhos.
“A pobreza e a extrema pobreza têm efeitos terríveis para a dignidade das pessoas e, no caso de crianças e adolescentes, trazem consequências irreparáveis.
A situação compromete irreversivelmente seu desenvolvimento, condenando-os ao estado perpétuo de vulnerabilidade.
Crianças criadas em um ambiente de privação e violência não conseguem crescer, estudar e trabalhar, o que dificulta que se tornem adultos independentes, perpetuando o ciclo de pobreza.” (Ponte Social)