Sua Profundidade, Dra. Sylvia Earle

Sylvia Earle, uma vida no fundo do mar, venha conhecê-la - Mar Sem Fim
(Sylvia A. Earle)

“Mesmo que você nunca tenha a chance de ver ou tocar o oceano, o oceano toca você a cada respiração, cada gota de água que você bebe, cada mordida do que você consome. Todos, em todos os lugares, estão inextricavelmente conectados e totalmente dependentes da existência do mar. ” – (Dra. Sylvia A. Earle)

Sylvia Earle, 85 anos, é a Embaixadora da ONU para os Oceanos, conhecida por muitos simplesmente como “Sua Profundidade”. Ela é um ícone do mergulho e, para muitos, sua fama só perde para a família Cousteau. Como oceanógrafa e bióloga marinha, ela explorou mais a superfície do mundo do que qualquer outra pessoa.

Estar no mar profundo é ser testemunha do maior espetáculo da vida na Terra.

Ainda estamos riscando a superfície do mar profundo a cerca de 1000 metros de profundidade, mas há vida além disso.

Eu vivo para o dia em que as pessoas souberem que a maior parte da vida neste planeta vive no escuro o tempo todo.

Quanto mais descobrimos sobre a vida na Terra, mais nós perceberemos que nossas vidas dependem disso.

Seu livro, de 2009, “A Terra é Azul – Por que o destino dos oceanos e o nosso é um só?” (já comentado aqui) é um clássico e um manual de sobrevivência para os terráqueos.

Há cinco oceanos na Terra: Pacífico, Atlântico, Índico, Glacial Antártico e Glacial Ártico. Tive a oportunidade de pisar nas praias dos três primeiros. Nunca mergulhei – sequer sei nadar bem. Mas, aprendi a admirá-los e respeitá-los sem imaginar o quanto devemos a eles.

O que nos apavora – em termos de sobrevivência como espécie a médio prazo – em decorrência da insana devastação dos habitats terrestres, não se compara ao que – sem termos notícia – ocorre nos “vastos” oceanos. Mas, nós, humanos, somos capazes e determinados a estragar tudo.

Aliás, sem o “azul” (oceanos), o “verde” (florestas) não existiria.

Sylvia, a família Cousteau e outros quixotes da defesa ambiental não salvarão nosso planeta – creio que já esteja condenado. Mas, podemos adiar as consequências de nossos atos para algumas gerações adiante.

O sistema de suporte à vida na Terra, o oceano, está falhando. Mas quem presta atenção nele?

Existe uma ideia enraizada segundo a qual o oceano é tão vasto e resistente que podemos tirar dele (ou atirar nele) tudo o que quisermos.

Sim, a vida nele se ajustará e se adaptará. Nós, talvez não.

Talvez repitamos o que provavelmente aconteceu com Marte, o planeta vermelho, que deve ter sido azul, coberto por um oceano há muito desaparecido. A Science publicou em 2015 que, quando Marte ainda era úmido, havia água o bastante para cobrir completamente o planeta até uma profundidade de 137 metros.

“Os oceanos regulam o clima, absorvem grande parte do dióxido de carbono da atmosfera, retêm 97% da água da Terra e abrigam 97% de sua biosfera!”

O mar abriga, de longe, a maior abundância e diversidade de vida do planeta. Mesmo abaixo do fundo existem fissuras aquáticas com quilômetros de profundidade, onde vivem hordas resistentes de micróbios que prosperam por meio da quimiossíntese, um processo que, na ausência do Sol, extrai energia dos minerais disponíveis.

No caso de nossas florestas, o sabido humano diz que começa a cortá-la pelas beiradas, reduzindo aos poucos a área total, mantendo o restante como um bloco único.

Isto é falso. Na verdade, vão se abrindo pequenas clareiras dispersas. Essas clareiras crescem, se fundem e criam áreas de florestas cercadas por áreas desmatadas.

Aí entra a lei da percolação: quando se pode caminhar na mata usando as clareiras isto corresponde, matematicamente à percolagem da água através de grãos de café em um coador (lei de Darcy).

Cientistas descobriram que o padrão de desmatamento que vem ocorrendo em todo o planeta segue modelos matemáticos que foram desenvolvidos para descrever a percolação.

No ritmo de devastação das últimas três décadas (0,5% de suas florestas a cada ano), nos próximos 50 anos provavelmente a fragmentação da floresta poderá causar o colapso desses ecossistemas.

Precisam ver o que está ocorrendo com os oceanos, muito mais importantes para a vida na Terra do que as florestas.

Recomendo que vejam o documentário “Seaspiracy“, um apelo para a conscientização sobre nossas origens, os oceanos. Sylvia o enriquece com seus depoimentos.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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