Ralph Waldo Emerson era um pastor, até discordar sobre a “eucaristia” como um ato de fé: “Este modo de comemorar Cristo não serve para mim”, justificou.
Juntamente com Henry David Thoreau e a impressionante Margaret Fuller desenvolveram o “transcendentalismo“, que defende a existência de um estado espiritual ideal que “transcende” o físico e o empírico, e, a percepção por meio de uma sábia consciência intuitiva.
Numa carta à filha Ellen, em 1854, Emerson recomenda:
“Termine cada dia e esteja contente com ele. Você fez o que pôde. Alguns enganos e tolices se infiltraram indubitavelmente; esqueça-os tão logo você consiga. Amanhã é um novo dia; comece-o bem e serenamente com um espírito elevado demais para ser incomodado pelas tolices do passado.”
Escreveu, na introdução do livro “Natureza” (1836):
“Nossa era é retrospectiva.
Constrói sepulcros aos antepassados. Escreve biografias, histórias e criticismo.
As gerações anteriores olhavam Deus e a natureza cara a cara; nós o fazemos através de seus olhos.
Por que não desfrutaríamos também de uma relação original com o universo?
Por que não haveríamos de ter uma poesia e uma filosofia que sejam frutos de nossa própria descoberta e não da tradição, e uma realidade que nos seja revelada, em lugar de ser a história daquela que foi revelada a eles? (…)
O sol brilha também hoje.
Há novas terras, novos homens, novas ideias.
Permitam que busquemos nossas próprias obras e leis e cultos. (…)
A condição de cada homem é a solução em hieróglifos às questões que ele mesmo formularia.
Ele a desempenha enquanto vida, antes de apreendê-la como verdade. (…)
Para um discernimento sólido, a mais abstrata das verdades é a mais prática.
Quando quer que surja uma teoria autêntica, ela será a sua própria evidência …
Tudo o que é distinto de nós, tudo o que a Filosofia distingue como ‘não eu’, ou seja, a natureza e a arte, o resto dos homens e meu próprio corpo, deve ser classificado sob esta denominação: NATUREZA.”
Fulano é dono daquele campo, Beltrano daquelas terras … mas nenhum deles possui a paisagem, ressaltava.
O livro conclama a que nos voltemos à natureza, que a abracemos com nosso olhar:
“Poucos adultos são capazes de ver a natureza. A maioria das pessoas sequer vê o sol. (…)
O amante da natureza é aquele cujos sentidos interiores e exteriores ainda seguem amoldados verdadeiramente um ao outro; aquele que conservou em sua maturidade o espírito da infância.”