Economistas e banqueiros renomados divulgaram uma Carta Aberta neste domingo (21/03/21) em que exigem dos governantes brasileiros medidas efetivas contra o avanço do coronavírus no país.
Entre os nomes que referendam a carta estão os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan, Maílson da Nóbrega, Marcílio Marques Moreira e Ruben Ricupero, e os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Affonso Celso Pastore, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida.
Há, até, pessoas da nata do mercado financeiro, como Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles, do Itaú, e o presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira.
Finalmente, pessoas influentes se apercebem que o que ocorre no país não é um assunto exclusivo do governo federal, que tem mostrado indiferença às mortes e ao desastre econômico, apesar das desculpas e acusações a terceiros.
Não podemos ficar aguardando “medidas efetivas” da parte desse governo, completamente desfocado do desastre, que só se mexe – para agradar seu público – a partir de perda de popularidade.
Este governo não é apenas incompetente. Parece desejar que o caos se instaure para “restabelecer a ordem”.
Portanto, pedir uma “ação competente” não surtirá efeito, pois “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”, ensinava o Barão de Itararé.
“Enquanto caminhamos para atingir a marca tétrica de 3 mil mortes por dia e um total de mortes acumuladas de 300 mil ainda esse mês, o quadro fica ainda mais alarmante com o esgotamento dos recursos de saúde na grande maioria de estados, com insuficiente número de leitos de UTI, respiradores e profissionais de saúde.
Essa situação tem levado a mortes de pacientes na espera
pelo atendimento, contribuindo para uma maior letalidade da doença. (…)A taxa de desemprego, por volta de 14%, é a mais elevada da série histórica, e subestima o aumento do desemprego, pois a pandemia fez com que muitos trabalhadores deixassem de procurar emprego, levando a uma queda da força de trabalho entre fevereiro e dezembro de 5,5 milhões de pessoas.
A contração da economia afetou desproporcionalmente trabalhadores mais pobres e vulneráveis, com uma queda de 10,5% no número de trabalhadores informais empregados, aproximadamente duas vezes a queda proporcional no número de trabalhadores formais empregados. (…)A redução do nível da atividade nos custou uma perda de arrecadação tributária apenas no âmbito federal de 6,9%, aproximadamente R$ 58 bilhões, e o atraso na vacinação irá custar em termos de produto ou renda não gerada nada menos do que estimados R$ 131 bilhões em 2021, supondo uma recuperação retardatária em 2 trimestres.
Nesta perspectiva, a relação benefício-custo da vacina é da ordem de seis vezes para cada real gasto na sua aquisição e aplicação.
A insuficiente oferta de vacinas no país não se deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta de prioridade atribuída à vacinação.” (…)
O manifesto-carta tem apenas 5 páginas; vale a pena o esforço da leitura.
Em 15 de março, a Associação Médica Brasileira já havia divulgado carta aberta pedindo vacinas, isolamento e combate às fake news: