
Em 1937, Mihail Sebantian, um escritor romeno, observou e registrou o afastamento de antigos amigos, atraídos como mariposas para uma chama inescapável: o fascismo.
O tradicional debate de ideias foi substituído por uma ideologia, um arcabouço de ilusões que serve a um sistema de dominação, que se reforça alimentada por ódio e discriminações.
Sebastian, ao oferecer amizade a um desses velhos conhecidos, do qual estava afastado por discordâncias políticas, escutou: “Não, você está errado. Nós não podemos ser amigos. Nem agora nem nunca. Você não sente o cheiro de terra em mim?”
Além de pensar diferentemente – o que significava estar errado – ele era judeu, o que simbolizava ser inimigo dos verdadeiros patriotas.
Anne Applebaum, no seu mais recente livro, fala do processo semelhante que ocorre na Polônia, onde vive.
A Polônia é governada por um partido de extrema direita, o Lei e Justiça. Suas bandeiras são: nacionalismo, antiglobalismo, lei e ordem, valorização da família, questões de gênero, xenofobia, combate aos homossexuais e aos grupos que defendem os direitos das mulheres.
A Igreja o apoia por defender os “valores nacionais”.
Sua reforma do sistema judicial, inquietou a Comissão Europeia, por considerar que mina a independência dos magistrados e dá controle ao Executivo. Criou até uma lei para punir juízes cujos vereditos contrariem as políticas governamentais.
Seguindo seu programa, demitiu diplomatas com experiência e destruiu as instituições culturais. Deixou de usar argumentos políticos comuns e começou a identificar inimigos existenciais. No seu antissemitismo, passaram a apontar “a responsabilidade judaica pelo Holocausto”!
Sua popularidade vem aumentando graças ao crescimento econômico do país e sua política de assistência social, como, por exemplo, o pagamento de 100 euros (mais de R$ 600) por mês para cada filho até os 18 anos.
Nosso ministro das Relações Exteriores já visitou a Polônia várias vezes.