
Com tantos especialistas nesta rede, talvez possam me explicar: por que há tão poucas mulheres jogando xadrez?
Segundo o site Chess há entre 200 milhões a 1 bilhão de jogadores de xadrez no mundo.
Segundo as regras da FIDE (Fédération Internationale des Échecs), para tornar-se um Grande Mestre, o jogador deve atingir um rating de 2500, no sistema de classificação Elo -homenagem a Arpad Elo. É um sistema que mede a habilidade de jogadores em ‘jogos de soma zero’, como o xadrez.
Em 2017 havia 1.594 Grandes Mestres. Destes, apenas 35 eram mulheres!
Segundo o Chess, entretanto, a proporção entre os Grandes Mestres está de acordo com a quantidade de jogadores masculinos e femininos. Por que o xadrez não interessa às mulheres?
A húngara Judit Polgar é a mulher melhor ranqueada: 2735! Mas, é a 54ª colocada no ranking geral. É a primeira e única mulher a ultrapassar a barreira da classificação de 2700 Elo; chegou à 8ª posição no ranking mundial em 2005.

O líder atual é o norueguês Magnus Carlsen, com 2882 pontos. É o campeão mundial desde 2013.
O célebre Garry Kasparov tem 2851 pontos.
Mas, vejam, Judit Polgar obteve o título de Grande Mestre, em 1991, na idade de 15 anos e 4 meses. Foi, na ocasião, a mais jovem GM de todos os tempos, batendo o recorde do ex-campeão mundial Bobby Fischer.
Atualmente, o mais jovem a obter o título de GM é Sergey Karjakin, ucraniano; tornou-se Grande Mestre Internacional de Xadrez aos 12 anos e exatos sete meses!
O atual campeão mundial, Carlsen, chegou a GM com apenas 13 anos e quatro meses!

O brasileiro melhor colocado no ranking da FIDE é Rafael Leitão, maranhense. Ele tem 2.592 pontos. Em 1998, aos 18 anos, tornou-se o mais jovem brasileiro a alcançar o título de Grande Mestre.
É seguido pelo paulista Luis Paulo Supi (2.572 pontos) que, em maio de 2020, derrotou o atual campeão mundial Carlsen em 18 jogadas em um jogo online. Os lances foram filmados e divulgados pelo próprio Carlsen, então com 2848 de rating, o que lhe rendeu fama internacional quase que instantânea.
Ele iludiu o adversário praticamente imbatível com um movimento incomum: jogando com as peças brancas, sacrificou a dama e deixou Carlsen encurralado. E sacrificar a dama, no xadrez, é coisa de rei.

Os dez brasileiros melhor classificados:
Nome | rating | |||||
1 | Rafael Leitão | g | BRA | 2592 | 0 | 1979 |
2 | Luis Paulo Supi | g | BRA | 2572 | 0 | 199 |
3 | Alexandr Fier | g | BRA | 2565 | 5 | 1988 |
4 | Krikor Sevag Mekhitarian | g | BRA | 2554 | 0 | 1986 |
5 | Felipe de Cresce El Debs | g | BRA | 2553 | 0 | 1985 |
5 | Henrique Mecking | g | BRA | 2553 | 0 | 1952 |
7 | Andre Diamant | g | BRA | 2543 | 0 | 1990 |
8 | Darcy Lima | g | BRA | 2522 | 0 | 1962 |
9 | Evandro Amorim Barbosa | g | BRA | 2509 | 0 | 1992 |
10 | Yago de Moura Santiago | g | BRA | 2478 | 0 | 1992 |
Sobre o terceiro colocado, Alexandr Fier, sugiro a leitura do artigo “NO FEAR”, na Piauí deste mês: (https://piaui.folha.uol.com.br/materia/no-fear/)
Deu-me vontade de escrever este texto a partir da leitura de “A Máquina de Xadrez”, de Robert Löhr.
Ele conta a história de uma máquina apelidada de “O turco”, inventada por Wolfgang von Kempelen.
Ela era composta de um gabinete com gavetas para guardar as peças e um manequim vestido como eles achavam que um turco se vestia na época.
À frente do manequim se dispunha um tabuleiro de xadrez. Um braço móvel tinha uma mão na ponta que conseguia agarrar as peças com precisão e movê-las sem nenhum problema para qualquer parte do tabuleiro.
Um autômato! Inteligente!
Escondido havia um anão, Tibor Scardanelli, que manipulava as engrenagens; o “turco” do xadrez.
O “Deep Blue” do século XVIII.