
Este imponente senhor da pintura, Charles-Louis Napoléon Bonaparte, era sobrinho de Napoleão Bonaparte.
Victor Hugo o chamava de “Napoléon le petit“.
Depois de muitas tentativas, viria a ser Napoleão III. Deveria ser estudado por todos os políticos.
Quando Napoleão II morreu, em 1832, aos 21 anos – de tuberculose -, Luís Napoleão entendeu ser seu papel manter a “dinastia” no poder.
Não era modesto. Escreveu: “Acredito que há certos homens que nasceram para servir como um condutor da marcha da raça humana. Eu me considero um deles.”
À sua ambição política acrescentou um astuto senso de oportunismo combinado a um péssimo discernimento.
Em 1836, com um punhado de seguidores, tentou “invadir” a França para destituir o rei Luís Filipe, da família Orléans. Foi preso.
Em 1840, tentou novamente. Preso. Escapou, seis anos depois, travestido de trabalhador.
Era, então, tido como um apalermado, que se cercava de amigos imbecis e puxa-sacos.
Finalmente, em fevereiro de 1848, revoluções varreram a Europa, inclusive na França.
A monarquia dos Orléans caiu. Surgiu a oportunidade tanto sonhada por Luís Napoleão. A Segunda República foi instituída. Ele foi eleito presidente em dezembro de 1848.
Mas, república é algo chato. O poder precisa ser transferido a cada eleição!
Antes do final de seu mandato, deu um golpe: estabeleceu uma lei marcial e prendeu os membros socialistas da Assembleia Nacional.
Pronto. Restaurou o Império. Agora seria Napoleão III.
Os manifestantes contrários ao fim da República foram duramente reprimidos: 27 mil pessoas foram levadas a cortes marciais; milhares foram condenadas e deportadas.
Os apoiadores de Napoleão III foram os mesmos que apoiavam, antes, o rei Luís Filipe: os ricos.
Agradecido, Napoleão III logo mexeu no sistema financeiro de forma a enriquecer ainda mais os que lhe apoiaram.
Não esqueceu de sua família: esta passou a receber anualmente 1 milhão de francos do Tesouro.
A desigualdade social na França continuava abissal – e se acentuava.
O aviso dado por Tocqueville em 1848 era ignorado:
“Nós dormimos sobre um vulcão. Os senhores não percebem que a terra treme mais uma vez? Sopra o vento das revoluções, a tempestade está no horizonte.” (Alexis de Tocqueville)
A República não é apenas o sufrágio universal nem simplesmente a não-monarquia. O povo precisa ser educado – além da instrução elementar ou técnica. Precisa aprender a ler a prática política democrática.
“Os conservadores, claro, optaram pelo bonapartismo, para o qual a necessidade pessoal vem em primeiro lugar, a política em segundo lugar e o direito, na medida do possível, por último.” (Maurice Agulhon)
Bom. Em 1870, quase meio milhão de parisienses – um quarto da população – era classificada como indigente.
Na década de 1860, resolveu – entre outras coisas – intervir no México. Após derrubar o governante mexicano, criou uma monarquia e entregou o trono a Maximiliano, o arquiduque da Áustria. Este coitado acabou fuzilado. E, as finanças francesas pioraram.
Impopular em casa, Napoleão III foi provocar a Prússia, por … vaidade. Não queria que o primo do rei da Prússia assumisse a Espanha, cujo trono estava desocupado e a Corte Espanhola oferecera ao príncipe prussiano. Aí há muito a contar.
Resultado: nasceu o Império Alemão, da união da Prússia com os Estados do sul da Alemanha. A França perdeu a guerra fragorosamente.
Napoleão III foi pessoalmente à guerra. Em 31 de agosto de 1870, a batalha de Sedan decidiu o conflito. Um ensaio da blitzkrieg.
Nos dois dias seguintes, os franceses tentaram romper o cerco. Resultado: 83 mil soldados renderam-se aos alemães; Napoleão III foi capturado e, desacreditado aos olhos dos franceses, deixou de ser imperador.
Ficou um tempo preso na Alemanha e depois foi exilado para a Inglaterra, onde morreu em 1873.