
“As metáforas são importantes.
Longe de serem meros floreios ornamentais que tornam nossa fala mais vívida, elas criam pontes conceituais importantes entre campos.
Estimulam nossa imaginação e ativam nossas faculdades de criação de significado, permitindo-nos ver as coisas de uma nova perspectiva.
Talvez o mais importante, as metáforas pelas quais vivemos moldam nossa experiência.” (Anna Katharina Schaffner)
Nosso linguajar é recheado de expressões específicas de nossa formação profissional, regiões, cultura, educação familiar ou religiosa.
Por trás, há moldes psicológicos, molduras metafóricas, que nos induzem a pensar e como agir sobre o contexto.
Na antiguidade, as tecnologias suportadas por água – bombas e fontes, por exemplo – possivelmente levaram os gregos e romanos às noções de ‘pneuma‘ e ‘humores corporais’.
Quando o corpo humano passou a ser imaginado como um ‘relógio’ – a partir do Renascimento -, nosso corpo era considerado uma operação ‘mecânica’.
Com a Revolução Industrial e o advento das máquinas a vapor e energias hidráulicas, passamos a falar em equilíbrio interno, homeostase.
Atualmente, ainda somos influenciados pela noção de que nossa mente é um ‘computador’, que processa informações e gera atitudes, a partir de alguns ‘algoritmos’ internos – herdados ou socialmente programados.
Toda e qualquer visão de como somos – metaforicamente – pode nos limitar, ao nos levar à reprodução de comportamentos comuns, genéricos.
Não somos máquinas.
Somos organismos biopsicossociais, inculturados, desenvolvendo-se em feedback constante com o que nos cerca.
Inculturado, lembrando, é o que está imerso numa cultura.
Metáforas extraídas do ambiente de negócios fazem referência a nosso ‘capital social’ e assemelhados. A busca pelo autoaperfeiçoamento apresenta-se como um ‘investimento sustentável’, com credenciais ESG.
Na minha opinião, não nascemos para sermos ‘eficazes’ conforme figurinos mercadológicos. Podemos – não devemos – até sermos eficazes naquilo que nos é prazeroso. O resto é máquina de fazer paranoicos ou desiludidos.