
Ultima Thule é um termo usado para se referir às terras mais distantes do mundo conhecido. Na Idade Média, denotava qualquer lugar além das “bordas do mundo conhecido”.
Na mitologia grega, seria a capital de Hyperborea, supostamente o berço dos arianos.
A Última Thule pode ser uma alegoria para a direção da ciência no seu rumo à “verdade” científica. A verdade científica sempre será precária, sujeita a refutações ou novas luzes.
Ou seja, na ciência nenhuma certeza é irrefutável ou além do alcance de críticas.
Para Peter Medawar, a Última Thule representaria a meta do trabalho científico, numa forma de assíntota. Esta é a linha que se aproxima indefinidamente de uma curva sem jamais cortá-la.
“As conclusões da ciência não pretendem ser mais do que aquilo que seria provável.” (Charles Sanders Peirce)
“Nenhum objetivo último é alcançado por um exercício da razão humana.” (John Venn)
“Hipóteses sempre serão hipóteses, isto é, suposições sobre uma certeza que nunca alcançaremos.” (Kant)
A ciência tem os dados empíricos, observáveis, como partida. Esses dados geram hipóteses que, verificadas, tornam-se leis científicas.
Ela, em geral, se apoia em métodos indutivos, em inferências. Parte de “enunciados particulares”, ou singulares, para chegar a “enunciados universais”, tais como hipóteses ou teorias.
Como já abordei aqui, Karl Popper contesta:
“Ora, está longe de ser óbvio, de um ponto de vista lógico, haver justificativa no inferir enunciados universais de enunciados singulares, independentemente de quão numerosos sejam estes; com efeito, qualquer conclusão colhida desse modo sempre pode revelar-se falsa.
Independentemente de quantos casos de cisnes brancos possamos observar, isso não justifica a conclusão de que ‘todos’ os cisnes são brancos.”
Desenvolvendo este raciocínio defendia que o critério de demarcação da ciência não é a verificação, mas sim o falseamento. Não se chega a justificar uma teoria – o que se faz (e se pode fazer) é criticá-la.
Ah, o Popper, para quem “a teologia nasce da falta de fé“.
Criticava também a Teoria da Evolução, que, segundo ele, não seria ela própria uma teoria, mas um “programa de ação”, incapaz de explicar questões como, por exemplo, a da origem da vida.