Design alocêntrico

Neri Oxman | Neri Oxman
(Neri Oxman, 45 anos)

Neri Oxman é uma designer americana-israelense e professora do MIT Media Lab.

É conhecida pela arte e arquitetura que combinam design, biologia, computação e engenharia de materiais. Seu trabalho incorpora design ambiental e morfogênese digital, com formas e propriedades que são determinadas pelo contexto.

Ela cunhou a frase “ecologia material“, ou “naturecêntrico” para definir seu trabalho, colocando os materiais no contexto.

É comum – pega bem – ouvirmos designers (não só) pregarem sobre a necessidade de tecnologia centrada no ser humano – sistemas, dispositivos e software que atendam às nossas necessidades, comportamentos e fraquezas humanas específicas.

Porém, esse desejo – de enfocar o humano e apenas o humano – é a tradicional lógica antropocêntrica que guiou o desenvolvimento tecnológico por séculos e, em última análise, nos trouxe ao atual estado de crise ecológica.

Por que, então, não tentar forjar relações novas, menos extrativas, mas ainda produtivas, com os organismos e entidades com os quais compartilhamos o planeta?

Por que não buscar a reconciliação entre as necessidades humanas com as preocupações ambientais?

Do design orgânico a arquitetura viva”, uma porta para o futuro...

Nessa linha, Paola Antonelli, curadora do MoMA, argumenta que “o centrado no humano inevitavelmente se traduz em egocêntrico, porque reflete uma velha visão antropocêntrica e antropogênica da realidade”.

O potencial de mudança reside no que ela chama de design alocêntrico – como o oposto de egocêntrico – uma abordagem que reconhece a interdependência das espécies e visa garantir o florescimento de todos nós.

A “ecologia material” atua em processos integrados: considera o design computacional, a fabricação digital, a biologia sintética, o meio ambiente e o próprio material como dimensões inseparáveis ​​e harmonizadas do design.

“A relação íntima da Ecologia Material entre design e biologia propõe uma mudança: ao invés de consumir a natureza como um recurso geológico, passa a editá-la como um recurso biológico.

E essa jornada da mineração ao cultivo está se acelerando.

A forma de geração de cima para baixo (fabricada aditivamente) combinada com o crescimento de baixo para cima de sistemas biológicos (sintetizados biologicamente) abre oportunidades antes impossíveis: fachadas de edifícios fotossintéticos que convertem carbono em biocombustível; microbiomas vestíveis que nutrem nossa pele por meio de filtragem seletiva; material impresso em 3D que repara tecidos danificados etc.

Na Era Biológica, designers e construtores têm o poder de sonhar com possibilidades de design novas e dinâmicas, onde produtos e estruturas serão capazes de crescer, curar e se adaptar.” (Neri Oxman)

Fontes:

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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