“Que, então, isto é tudo o que significa estar vivo: estar preparado para morrer.” (J. M. Coetzee)
Podemos morrer a qualquer momento, claro, mas essa consciência começa a ser um inquilino fixo de nossa mente, normalmente, a partir de certa faixa de idade, ou após uma doença grave.
Essa sensação de “terra à vista” deve nos guiar para que aceitemos a morte. Mas, não apenas. Antes, deve nos estimular a aceitarmos a vida.
E, nunca, nunca, ficarmos indiferentes ou banalizarmos a morte! Não a precipitemos.
Martin Amis: “Ninguém sabe quando vai ser, mas vai. De repente, você percebe que está passando de ‘Olá’ para ‘Tchau’. E trata-se de um emprego em tempo integral: a morte. Você realmente precisa virar com força a cabeça para olhar em outra direção, porque a morte de repente fica muito óbvia, e não era antes. (…)”
A vida é uma batalha … pela vida. Um feto não está passivo no ventre da mãe. Há, já, uma luta por nutrientes. A placenta cuida disso.
No dizer de David Haig, biólogo evolucionista, “a gravidez é um cabo de guerra: cada um (feto e mãe) puxa com força para um lado, e, no meio, a corda mal se mexe.”
Viver é uma experiência bem testada: estima-se que desde o surgimento do Homo sapiens 108 bilhões de pessoas já passaram por aqui.
Hoje, somos 7,849 bilhões procurando espaço no planeta.
99,9% de nossos genes são iguais aos dos outros humanos – mesmo os dos chatos. Só o 0,1% nos diferencia: um nucleotídeo em cada mil. Por isso somos especiais, embora iguais.
Nascemos para o quê, afinal? Não para sermos ‘proprietários’, nem patrões, nem escravos. Talvez, para amar – o resultado de nossa curiosidade pela vida. Quem perde essa curiosidade acelera sua partida.
Amar não é perder o juízo por alguém ou algo, nem se apropriar desse objeto. Amar é integrar-se, fundir-se, reencontrar-se – em si, no outro e na natureza.
Há duas frases de Valter Hugo Mãe que julgo pertinentes: “Amar era feito para ser uma demasia e uma maravilha.” E, “O sofrimento nunca impediria alguém de ser feliz.”
Vejam a aventura de um recém-nascido: estreia com uma média de 120 batimentos cardíacos por minuto (bpm) – num indivíduo adulto em repouso, uma frequência cardíaca de 100 bpm, persistentemente, pode ser considerada alta -. passa de um ambiente confortável, líquido, para um lugar frio e cheio de ar. Sua sucção é 50 vezes mais forte que a média da respiração adulta.
Os bebês procuram nos ensinar: viver vale a pena!
Se a morte é uma continuidade, ótimo. Se não, aproveitemos!
Muito bom Dorgival, grande abraco.
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obrigado, amigo Camilo!
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