
O regime autoritário que ora se desenha não tem um pensamento a fundamenta-lo, a não ser que se queira considerar os impropérios, recheados de palavrões, de Olavo de Carvalho.
O Estado Novo, por sua vez, teve o Oliveira Vianna. Um “pensador” que acreditava na hierarquia de raças, no darwinismo social e, na eugenia.
Defendia o corporativismo e o elitismo como soluções para o país.
Mas, falava bonito, sem palavrões ou agressões. Sentia-se acima dos demais. Ele era o ideólogo “quase oficial” do Estado Novo.
Para ele, a história e a “evolução” social era lenta mesmo; era necessário paciência.
“O nosso mal, a causa de todos os nossos erros, e também de nossos desesperos, é nossa incapacidade de compreendermos isto, de aceitarmos ou nos ‘conformarmos’ com esta ‘fatalidade’ da história, que é a ‘lentidão da evolução das realidades sociais’.
Queremos atingir logo – a golpe de leis e de programas políticos – um estágio cultural que os povos europeus mais civilizados levaram séculos, e mesmo milênios, para atingir.”
Pronto, melhor esperar sentado. A realidade social está dada. Conformemo-nos.
Uma sociedade liberal (no sentido político) precisaria existir antes da democracia. Essa história de se ter democracia requer que se tenha uma sociedade liberal antes.
O governo trataria de instalar este liberalismo, através da ditadura! Seria uma precondição: para ser liberal a sociedade “precisaria” de um regime autocrático antes.
Lembra o Marx falando que uma sociedade sem classe – o comunismo – requer, antes, a ditadura do proletariado – ou seja, a ditadura de alguns.
Alguns sociólogos, depois, reforçaram – “cientificamente” – essa ideia. Há os que alegam que sem alta renda per capita e escolarização, não há democracia.
Outros entenderam que a democracia precisaria ser precedida por uma máquina de Estado neutra, profissional e forte o suficiente para compelir os contendores à observação das regras do jogo. Parecido com as ideias marxistas.
Huntington, explicava que sem verdadeiras instituições não faz sentido aspirar ao status de politicamente desenvolvido.
Sobre raças, vejam seu pensamento:
“Ao encerrar-se o terceiro século de colonização (…) a seleção da classe superior se faz, para nossa felicidade, no sentido ariano.
Esse caráter ariano da classe superior é tão valentemente preservado na sua pureza pelos nossos antepassados que nos salva de uma regressão lamentável.
Os mestiços ‘superiores’, os mulatos ou mamelucos que vencem ou ascendem em nosso meio … não vencem nem ascendem como tais, isto é, como mestiços.
Ao contrário, só ascendem quando se transformam e perdem as características híbridas de seu tipo, quando deixam de ser psicologicamente mestiços, porque se arianizam.
A função superior de síntese, coordenação e direção cabe aos arianos puros, com o concurso dos mestiços superiores e já arianizados.
São estes os que, de posse dos aparelhos de disciplina e de educação, dominam essa turba informe e pululante de mestiços inferiores e, mantendo-a pela compressão social e jurídica, dentro das normas da moral ariana, a vão afeiçoando, lentamente, à mentalidade da raça branca.”
Achava os orientais, também, inferiores.
“Os 200 milhões de hindus não valem o pequeno punhado de ingleses que os dominam.”
“O japonês é como enxofre: insolúvel”.
Alguns, de Brasília, andam lendo Oliveira Vianna.
Criticava o investimento no ensino básico; o importante, lhe parecia, era a educação das elites:
“… a despreocupação brasileira pela formação intelectual das classes dirigentes!
Temos voltado todas as nossas atenções para o ensino primário, para o ensino do povo!”