“Ver um universo num grão de areia e um paraíso numa flor selvagem, segurar o infinito na palma da mão e a eternidade numa hora.” (William Blake)
Algo infinito pode conter outra coisa infinita? Paradoxo?
A sucessão dos números naturais 1, 2, 3,… nunca acaba; é infinita. Mas eles contêm dentro deles o conjunto dos números pares, 2, 4, 6,…, que também é infinito! E os números reais, que contêm os naturais, são também em número infinito.
E a ideia de semi-infinito, faz sentido? A maioria dos astrofísicos diz que vivemos num Universo que, no tempo, é infinito para a frente, mas não infinito para trás, porque teve um início. Seria semi-infinito!
Com relação ao espaço, permanece a questão de saber se o Universo é finito ou infinito. Talvez seja infinito, mas não temos a certeza. Se é infinito, começou logo infinito. A “matéria” original, no Big Bang, era infinita? Uma “singularidade”, como os buracos negros?
O Universo seria um infinito – em expansão!? Com ou sem beiradas?
“O silêncio eterno desses espaços infinitos assusta-me.” (Pascal)
Aliás, a ideia do Big Bang foi inventada por um abade (e também astrofísico), Georges Lemaitre (1896-1966), sob o nome de Átomo Primitivo.
O papa Pio XII logo quis tirar partido: “Mas, afinal, esse Big Bang é o ‘Fiat lux‘!”
Giordano Bruno propôs um universo infinito, em 1584: “Existem incontáveis sóis; incontáveis terras giram em torno destes sóis de maneira semelhante à forma como os sete planetas giram em torno do nosso sol”. Foi queimado pela Inquisição em 1600; não foi bem entendido.
“O desenvolvimento da ciência fez com que o espaço do homem moderno tenha perdido o seu caráter sagrado. Tornou-se profano.
Mas foi também o homem de ciência que permitiu que o homem redescobrisse o sentido do sagrado, não venerando deuses personificados e construindo edifícios para sacralizar a Terra, mas ao redescobrir e determinar a sua antiga aliança com um cosmos que foi regulado de uma forma extremamente exata para o seu aparecimento.
Ao revelar a sua interdependência com as estrelas e ao maravilhar-se perante a beleza, a harmonia e a unidade do cosmos”. (Trinh Xuan Thuan)
Ou seja: no profano há algo de sagrado.