
O lógico polonês Alfred Tarski afirmava que “a verdade é uma propriedade das sentenças”.
Como lógico, se debruçou sobre o “paradoxo mentiroso“, aquele em que um mentiroso – um político conhecido, por exemplo – afirma “Eu estou mentindo agora” vale tanto quanto “Eu estou falando a verdade agora”: ambas são falsas.
Curiosidade à parte, para Donald Davidson (1917-2003) , a teoria da verdade de Tarski pode satisfazer os critérios de uma teoria do significado para linguagens naturais, com alguns ajustes.
Ou seja, o reconhecimento de que o valor de verdade das sentenças varia conforme:
- o momento em que são proferidas,
- o falante e,
- a audiência.
Não se trata, portanto, de construir uma teoria da verdade para sentenças, mas sim para proferimentos e atos-de-fala envolvendo o falante e o contexto dos seus proferimentos.
Davidson defendia (assim como Richard Rorty) que o mundo existe independentemente de nós, mas as nossas descrições do mundo não são independentes de nós. O mundo não é verdadeiro ou falso, somente as “descrições do mundo” podem ser verdadeiras ou falsas.
Para ambos, se um pragmático afirma que a verdade não está dada, que ela não é alguma coisa que possamos encontrar aí no mundo, significa simplesmente dizer que só há verdade onde existem frases e que as frases são componentes das línguas criadas pelos seres humanos.
A verdade, como as frases, não pode existir independentemente da experiência humana.
“Segundo Rorty, a história das ideias, das ciências, dos sistemas jurídicos e da arte descreve não um progresso do espírito em busca de uma verdade definitiva ou uma compreensão crescente de como as coisas realmente são, mas – apenas – traça um percurso de “metáforas” sobre o que é a natureza, o bem, nós mesmos, o real, metáforas que expressam nossa contingência.” (Maria Virgínia Machado Dazzani)
“Abandonar a ideia da linguagem como representação (…) equivaleria a des-divinizar o mundo.
Somente se o fizermos poderemos aceitar em sua plenitude a tese (…) de que, já que a verdade é uma propriedade das frases, já que a existência das frases depende de vocabulários e já que os vocabulários são feitos por seres humanos, o mesmo se dá com as verdades.” (Rorty)