
“Nós precisamos achar um estalo inicial!”: conceito criado por Michael Sitrick.
A mídia galopa em rebanho. É necessário apenas um estalo para começar um estouro da manada. O estalo é o gatilho; o resto é direcionar a atenção de todos para a direção em que a manada está indo.
Em marketing – inclusive o político – assumindo-se que você tem algo para vender, a chave é que – mais do que nunca – os outros precisam desesperadamente comprar. Só precisam de uma desculpa, explica Ryan Holiday.
O que se ‘vende’ (mesmo que seja ‘gratuito’) não precisa ser verdadeiro, concreto, edificante. Ao contrário, a mentira, o vazio, o nada, o cinismo, são coisas mais atrativas.
As mídias atuais são como “um barco remado por escravos e comandados por piratas”, ilustra Tim Rutten. Os escravos, obviamente, são os ávidos consumidores das redes.
“Eu posso transformar nada em algo colocando um artigo em um blog pequeno com padrões de qualidade bem baixos.
Esse artigo, por sua vez, vira fonte para uma história em um blog maior, que acaba virando fonte para um um artigo em grandes veículos de comunicação.
Crio ‘uma onda de notícias que alimenta a si mesma’.
(Ryan Holiday, no livro “Acredite, estou mentindo”)
Ryan elenca algumas das táticas que os manipuladores seguem:
- Blogueiros são pobres, ajude-os a pagar suas contas: às vezes, uma propina indireta funciona melhor que um salário;
- Diga-lhes aquilo que querem ouvir: de uma forma cada vez mais comum, credibilidade já não funciona como modelo de negócio jornalístico;
- Dê-lhes o que se espalha, não o que é bom: as principais histórias são as que polarizam as pessoas. Mexa em três coisas (comportamento, crença ou pertences) e a matéria terá uma dispersão enorme;
- Ajude-os a enganar os leitores: crie um mistério – e o explique depois do link. Um estudo mostra que uma boa pergunta (no título) provoca o dobro de interesse do que uma exclamação enfática;
- ‘Venda-lhes’ algo que eles possam vender: sem publicidade a mídia não se sustenta;
- Faça do título a sua história: (exemplo: “Lady Gaga nua fala de drogas e celibato”);
- Acabe com eles dando muitas visualizações de páginas: um tuíte que não é retuitado equivale a uma piada que é recebida em silêncio;
- Use a tecnologia contra ela mesma: a forma como a notícia deve ser apresentada – para conseguir lidar com as restrições técnicas do meio e as exigências de seus leitores – determina a própria notícia (McLuhan, lembram?);
- Simplesmente invente – todo mundo está fazendo isso.
Entre os tantos mecanismos usados para garantir evidência, audiência, há o sarcasmo que atinge basicamente a seriedade, honestidade e vulnerabilidade do alvo.
“O sarcasmo funciona como um dispositivo para punir características humanas como espontaneidade, excentricidade, não conformismo e o simples erro.” (Roger Ebert)
Bom, há muitos marqueteiros que estão reescrevendo a história a partir de suas ‘histórias’.