
Bárbara de Alencar, nascida em Exu, Pernambuco, participou ativamente da ação revolucionária de 1817 no Nordeste, que tentou varrer as forças do Império e antecipar fachos de iluminismo.
Os bens da família foram confiscados e ela foi presa, aos 57, viúva, juntamente com os três filhos, José Martiniano (pai do escritor cearense José de Alencar), Carlos José e Tristão Gonçalves, em porões de Fortaleza, Recife e Salvador. Foram quatro anos de prisão. Foi a primeira presa política do Brasil.
Voltou a se envolver, em 1824, na Confederação do Equador, quando perdeu os filhos Tristão e Carlos, crivados de bala pela reação das tropas imperiais.
Seu neto, José de Alencar (1829-1877), conhecido escritor de sagas indigenistas, revelou-se, como político, um ferrenho defensor da escravidão.
Alegava que a abolição da escravatura quebraria a economia nacional.
Eis um trecho de um discurso que fez no Senado, dirigido aos abolicionistas:
“Vós, os propagandistas, os emancipadores a todo o transe, não passais de emissários da revolução, de apóstolos da anarquia.
Os retrógrados sois vós, que pretendeis recuar o progresso do país, ferindo-o no coração, matando a sua primeira indústria, a lavoura.
Vós quereis a emancipação como uma vã ostentação. Sacrificais os interesses máximos da pátria a veleidades de glória.
Entendeis que libertar é unicamente subtrair ao cativeiro, e não vos lembrais de que a liberdade concedida a essas massas brutas é um dom funesto, é o fogo sagrado entregue ao ímpeto, ao arrojo de um novo e selvagem Prometeu!
Nós queremos a redenção de nossos irmãos, como a queria o Cristo. Não basta para nós dizer à criatura, tolhida em sua inteligência, abatida em sua consciência:
– ‘Tu és livre; percorre os campos como uma besta-fera’ …”
Alencar morreu jovem, aos 48 anos, de tuberculose, onze anos antes da abolição.
“Como nos sonhos, vejo o que desejo”.
Caetano Veloso.
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