
Khliébnikov, o poeta-sacerdote, matemático, biólogo, linguista, poeta … a referência do ‘futurismo’.
Avisou, em 1921, a data da sua morte: recordando Púchkin, o poeta disse que “as pessoas do meu ofício morrem frequentemente aos 37 anos”. Assim como, Maiakovski também morreria aos 37 anos, em 1930.
“Vielimir Khliébnikov viveu os seus últimos anos na miséria, gravemente doente e passando fome. Ele sempre viveu mal. Era solitário, fechado e pouco prático, vivia na pobreza e não tinha abrigo. Maiakovski admirava sua indiferença para com a riqueza e proveitos materiais, que assumia um caráter de “devoção e martírio pela ideia poética”. Seus bens cabiam dentro de um saco, no qual eram colocados os manuscritos acumulados. Além de papéis, o saco continha alguns pedaços de pão e caixas de tabaco partidas. À noite, o saco servia frequentemente de almofada. ” (Elfi Kürten Fenske)
“Hoje de novo sigo a senda
Para a vida, o varejo, a venda,
E guio as hostes da poesia
Contra a maré da mercadoria.” (1914)
“E os castelos do comércio mundial,
Onde as cadeias da pobreza brilham,
Com um rosto de regozijo e enlevo
Transformas-te um dia em cinzas”
(1920. Uma predição da derrubada das torres gêmeas?)
“Quando morrem os cavalos – respiram,
Quando morrem as ervas – secam,
Quando morrem os sóis – eles apagam-se,
Quando morrem as pessoas – cantam canções“
“Meninas, aquelas que passam,
calçando botas de olhos negros,
nas flores de meu coração.
Meninas que pousam as lanças
no lago de suas pupilas.
Meninas que lavam as pernas
no lago de minhas palavras.”
NÚMEROS
“Eu vos contemplo, ó números!,
E vós me vedes, vestidos de animais, em suas peles,
As mãos sobre carvalhos destroçados,
Ofereceis a união entre o serpear
Da espinha dorsal do universo e a dança da balança.
Permitis a compreensão dos séculos, como os dentes numa breve gargalhada.
Meus olhos se arregalam intensamente.
Aprender o destino do Eu, se a unidade é seu dividendo.”
“Anos, países, povos
Fogem no tempo
Como água corrente.
A natureza é espelho móvel,
Estrelas – redes; nós – os peixes;
Visões da treva – os deuses.” (1916)
Um comentário em “Contra a maré da mercadoria”