
“Com toda a franqueza, declaramos que nada é claro neste mundo. Apenas tolos e charlatães sabem e conhecem tudo.” (Anton Tchekhov)
O americano Lucien Greaves, ex-aluno de neurociência da Universidade de Harvard, fundou o Templo Satânico em 2014. Contaria atualmente com mais de 50 mil membros. Nele, se cultua o diabo.
Há várias seitas satânicas: alguns lembram da ‘Final Church’ de Charles Manson; a ‘Rocker’, a ‘Four-P-Society’ etc. Só em Nova Iorque, estimou-se em 1974, que mais de 400 mil pessoas seriam adoradores do diabo.
Adeptos de bruxaria são cada vez maiores. Só a Wicca (que se considera uma religião neo-pagã), estima que tenha mais de 800 mil seguidores.
A cada dia alastram-se mentalidades mágica e supersticiosa, o que enche templos religiosos e não religiosos.
Imagine a situação no século XVII e anteriores. O obscurantismo, que gera intolerância era quase a regra. Difícil é entender sua disseminação atual.
Lembremos o caso de Salem, na Baía de Massachusetts: dezenove pessoas enforcadas (14 mulheres e cinco homens) e, dois cachorros! Todos acusados de bruxaria e ligação com Satã. A feitiçaria teria começado em janeiro de 1692, os julgamentos, em março e tudo terminou em setembro. Depois, um silêncio banhado em vergonha.
“A bruxa mais nova tinha cinco anos, a mais velha quase oitenta. Uma filha acusou a mãe, que por sua vez acusou a mãe, que acusou uma vizinha e um pastor. Uma esposa e uma filha denunciaram o marido e pai. (…) O pastor mais velho da cidade descobriu que conhecia nada menos que vinte bruxas”, conta Stacy Schiff, no seu livro “As Bruxas”.
55 pessoas confessaram prática de bruxaria, embora cerca de 200 foram acusadas.
Uma comunidade de ‘puritanos’, calvinistas rigorosos, intolerantes com os diferentes.
O que teria levado essa população a essa ‘histeria coletiva’? Stacy Schiff lista: tensões geracionais, sexuais, econômicas, eclesiásticas e de classe; hostilidades regionais importadas da Inglaterra; envenenamento alimentar; histeria adolescente; fraudes, impostos, conspiração; trauma de ataques indígenas; e, feitiçaria em si.
Interessante ler, também, a história romanceada de uma escrava, Tituba, uma das três primeiras mulheres julgadas. O livro de Maryse Condé, “Eu, Tituba – Bruxa Negra de Salem”, é muito esclarecedor sobre o ambiente em que os fatos ocorreram.
Atualmente, à medida em que cresce o número de adeptos de bruxaria e satanismo, cresce também o contingente de fundamentalistas religiosos, enquanto aumenta a intolerância. Veremos uma nova caça às bruxas?