“Eu defendo um direito ilimitado da razão controlar os sistemas de pensamento; no entanto, eu aludo a um modo de conhecimento extra-racional, que é adquirido com recursos diferentes da razão. Eu penso que esse modo de conhecimento extra-racional é primordial e essencial. Não há apenas pensamento, há também instinto, emoção, intuição, etc.” (Wolfgang Pauli, físico)
Pauli desejava “integrar a ciência natural num quadro holístico maior”.
Permanecemos com as ideias newtonianas; elas estão arraigadas na nossa cultura e, nos levam a pensar o mundo e os acontecimentos como eventos causais e, com foco na ‘materialidade’ da realidade.
Não gostamos de ‘surpresas’, de fatos sem explicação. Aristóteles dizia que era melhor o impossível crível do que o possível incrível. O possível incrível é o que não se explica.
Complica o nosso entendimento a divisão entre matéria e ‘espírito’, base do nosso lastro de conhecimento. Mas, essa separação entre matéria e espírito é uma abstração, na avaliação de David Bohm. Espírito e corpo são aspectos complementares de uma mesma realidade (Wolfgang Pauli).
“Afirmar que existe só matéria e nenhum espírito é a mais ilógica das propostas. É bem diferente das descobertas da Física moderna. Esta mostra que, no significado tradicional do termo, não existe matéria”. (Valdemar Axel Firsoff, astrônomo)
As leis naturais são verdades estatísticas. Em pequenas amostras, a predição torna-se incerta, precária; o que não invalida as possibilidades.
“Se o nexo entre causa e efeito é apenas estatisticamente válido e só relativamente verdadeiro, o princípio da causalidade só pode ser utilizado de maneira relativa, para explicar os processos naturais e, por conseguinte, pressupõe a existência de um ou mais fatores necessários para esta explicação.” (Carl Gustav Jung)
As ocorrências ‘únicas’ são, na realidade, apenas raras. São os ‘acasos’, as exceções à ‘regra’. O possível – e o impossível – derivam de nossos pressupostos racionalistas.
“… em nossa experiência existe um domínio imenso cuja extensão contrabalança por assim dizer o domínio das ‘leis’: é o mundo do acaso. (Jung)