
“Eu, porque nos demonstraram grande amizade, pois percebi que eram pessoas que melhor se entregariam e converteriam à nossa fé pelo amor e não pela força, dei a algumas delas uns gorros coloridos e umas miçangas … me pareceu que era gente que não possuía praticamente nada. Andavam nus como a mãe lhes deu à luz, inclusive as mulheres … bastam cinquenta homens para subjugar todos e mandá-los fazer tudo o que se quiser.” (Do Diário de Cristóvão Colombo)
Colombo achava que eles não tinham fé, e careciam de malícia e de desconfiança.
Pontos de vista, prejulgamentos, que levaram Colombo ao fracasso, morrendo na miséria e desacreditado. Até o fim de seus dias, recusava-se a a admitir que havia descoberto um novo mundo.
Achar que chegara às Índias, que aos ‘índios’ faltava tudo – quando nada lhes faltava -, que não tinham fé e que, portanto, cabia-lhe salvar suas almas. Enganos baseados no que se queria acreditar.
Sobre suas crenças ou mitos, por exemplo, os Tainos, da região do Caribe, tinham um deus, Yúcahu, que morava no Paraíso e seria imortal; ninguém seria capaz de vê-lo, e que tinha uma mãe.
Seu deus, Yúcahu, havia profetizado que os tainos “desfrutariam de seus domínios apenas por um curto período, pois chegaria à sua terra um povo coberto de roupas, capaz de subjugá-los e de matá-los”, documentou o padre Ramón Pané.
Os Iroquês, da região dos Grandes Lagos, diziam que o mundo se originou de uma mulher que morava nas costas de uma tartaruga.
Os Tupi-guaranis tinham seu panteão, no qual Tupã (o espírito do trovão) era o grande criador dos céus, da terra e dos mares, assim como do mundo animal e vegetal.
Prevalecia entre os povos nativos a crença num Grande Espírito, com vários nomes: Amotken ou Manitu, por exemplo.
Os astecas eram politeístas (assim como os maias e incas). Uma das divindades asteca mais conhecida atualmente é Quetzalcoatl (serpente emplumada), o deus da sabedoria, da vida, do conhecimento, do alvorecer, do padrão, de fertilidade, dos ventos e a luz, e governador do Oeste.
Na época da chegada dos europeus, havia 75 milhões de pessoas vivendo nas Américas. A população total da Europa era de 60 milhões.
A gana exploratória, as doenças, as armas de fogo, a astúcia e a fé no cristianismo explicam a supremacia européia. Os deuses americanos não ajudaram seus crédulos.
Atualmente, a população de nativos na América Latina é estimada em 45 milhões (24 milhões no México e Peru – o Brasil tem menos de 1 milhão) e, nos EUA, cerca de 3 milhões.
“Até 1492, a Europa era assolada pela fome e pela miséria. Depois, a vasta riqueza tomada das Américas pela Europa, extraída por meio dos trabalhos forçados de índios e africanos, deu novos poderes aos governos, o que contribuiu para a ascensão dos estados-nações.” (Jill Lepore)