
Toda tendência excessiva em uma direção é compensada por uma contratendência. São ‘oscilações‘, na economia e na sociedade. Uma das ‘ideias’ de Albert Hirschman, um economista que não seguia as escolas de pensamento econômico, as teorias vigentes, a ortodoxia.
Um judeu errante, nascido em Berlim, batizado na religião protestante, que viveu na França, Itália, EUA, Colômbia, Chile … lutou na Guerra Civil Espanhola, na África, com as forças americanas … socialista mas adversário feroz do comunismo …
Um economista que mesclava as teorias “puras” com a sociologia, ciência política e história, que alimentava uma vontade de “auto-subversão”, que gostava de explicar e interpretar os fatos sociais não segundo abstratas e genéricas teorias que tudo explicam – mas de acordo com a complexa especificidade daqueles. Um economista do desenvolvimento.
“Não é o meu objetivo fazer previsões de tendências; estou interessado na constelação de fatos e de situações necessárias para que coisas boas possam acontecer.” (Hirschman)
Num de seus artigos, ‘Uma insistência na esperança’, fala aos intelectuais da América Latina: a seu ver, eles erravam na falta de percepção da realização da mudança. A esta postura ele chamou de “fracassomania“.
Apesar de todas as peripécias, mantinha o otimismo, com base na realidade: “Sou muito aberto a novas experiências. Sei muito bem que o mundo social é bastante variável, está em contínua mudança, que não existem leis permanentes. Acontecem coisas de maneira inesperada, instalam-se novas relações de causalidade. Por isso, sempre tive aversão pelos princípios gerais e pelas prescrições abstratas.”
Se alguém proclamava uma lei econômica, procurava mostrar onde e como essa lei não funcionava.
“Estive sempre mais interessado na ampliação da área do possível, daquilo que pode ocorrer, do que na previsão com base em raciocínios estatísticos. Interessa-me, antes, descobrir a possibilidade de que algumas coisas, boas ou terríveis, se verifiquem.”
Citava Amartya Sen, para quem o empenho, commitment, engagement, informa muito mais a ação humana do que o puro cálculo racional.
Na prática, por exemplo: “Existem vantagens tanto em manter um bom fluxo de trocas com o exterior quanto em interrompê-lo. Ambas as políticas podem servir bem ao mecanismo econômico, mesmo se têm efeitos diversos sobre a economia.”