
Carmina Burana, ou “Canções de Beuern” (uma redução de Benediktbeuern, município na Baviera), é o título de 254 poemas e textos dramáticos dos séculos XI e XII. Vinte e quatro poemas dos Carmina Burana foram musicalizados por Carl Orff, em 1936.
Fortuna, a Sorte, nos acompanha. Nos precede, aliás. Onde nascemos já é sua interferência. Quem encontramos na vida, os amigos, o cônjuge, o ambiente profissional e cultural, os políticos que nos governam, a conjuntura econômica … tudo interfere na nossa trajetória.
O tal “mérito” e “livre arbítrio” nos permitem pular sobre os entulhos, quando possível.
Canções de Beuern (Oh, Sorte!)
1. Sorte, imperatriz do mundo
Ó sorte
És como a Lua
Mutável
Sempre aumentas
Ou diminuis
A detestável vida
Ora oprime
E ora cura
Para brincar com a mente
Miséria
Poder
Ela os funde como gelo
Sorte imensa
E vazia
Tu, roda volúvel
És má
Vã é a felicidade
Sempre dissolúvel
Nebulosa
E velada
Também a mim contagias
Agora por brincadeira
O dorso nu
Entrego à tua perversidade
A sorte na saúde
E virtude
Agora me é contrária
Dá
E tira
Mantendo sempre escravizado
Nesta hora
Sem demora
Tange a corda vibrante
Porque a sorte
Abate o forte
Chorai todos comigo!
Fortuna Imperatrix Mundi
O fortuna
Velut luna
Statu variabilis,
Semper crescis
Aut decrescis;
Vita detestabilis
Nunc obdurat
Et tunc curat
Ludo mentis aciem,
Egestatem,
Potestatem
Dissolvit ut glaciem.
Sors immanis
Et inanis,
Rota tu volubilis,
Status malus,
Vana salus
Semper dissolubilis
Obumbrata
Et velata
Michi quoque niteris;
Nunc per ludum
Dorsum nudum
Fero tui sceleris.
Sors salutis
Et virtutis
Michi nunc contraria,
Est affectus
Et defectus
Semper in angaria.
Hac in hora
Sine mora
Cordum pulsum tangite;
Quod per sortem
Sternit fortem,
Mecum omnes plangite!