
A religião veio salvar a humanidade. Salvar do quê e por que?
Antes da oficialização do cristianismo, no século IV, os moradores do Ocidente eram livres para adorar seus deuses, quaisquer.
Em 25 a.C., Marcos Agripa construiu um Panteão em Roma (reconstruído por Adriano em 126 d.C.), onde qualquer um podia entrar e rezar para quem quisesse. Panteão, aliás, quer dizer “todos os Deuses”.
Havia tolerância.
“Entre os antigos romanos, a partir do próprio Rômulo até a entrada em cena dos cristãos, não vamos encontrar um único homem que tenha sido perseguido devido às suas crenças religiosas. Cícero sempre duvidou, Lucrécio negou tudo, e nenhum dos dois foi de algum modo acusado ou reprimido.
A liberdade chegou a tal ponto que Plínio, o naturalista, começou o seu livro negando a existência de Deus e afirmando que se porventura houvesse um, seria o Sol.
Ao falar do inferno, Cícero diz: ‘Não há velha tão estúpida, que ainda acredite nele.'” (Voltaire)
Dizem que Constantino, ao deixar-se batizar na hora da morte, falou para o sacerdote: “Só espero não estar errado.”
A imortalidade é a chave da religião; uma ‘vida eterna’ é uma fórmula ideal para suportar a vida terrena. Suportar e se resignar. Alma e Além: ótimos instrumentos políticos, de dominação.
“É difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram”, repetia Voltaire.
Atualmente, a filosofia é posicionada entre a religião e a ciência. Entre a fé e a ‘certeza científica’.
Uma das regras da filosofia é a ‘dúvida’ (aporeín), além da ‘suspensão do julgamento’ (epoché) e a ‘isenção das paixões’ (apátheia).
É justamente a dúvida o que mais incomoda os homens da Fé. O ateu não os preocupam, mas o que não pára de fazer perguntas, como eu …
(Fonte principal: Luciano de Crescenzo)