
O Marquês de Pombal ficou à frente dos destino do Império português por 27 anos, de 1750 a 1777, sob José I.
Tido como déspota esclarecido, com base nas impressões da alta nobreza e dos jesuítas, que perderam poder, tinha, de fato, um senso prático e agudeza de espírito na condução dos negócios do Estado.
Quando houve o terremoto em Lisboa, mostrou seu lado prático: era preciso que “se cuidasse dos vivos e se enterrassem os mortos”.
Seu sobrinho, Joaquim de Melo Póvoas, assumiu o governo do Maranhão e recebeu uma carta do Marquês, com conselhos sobre como ‘bem governar’. Eis alguns trechos:
“(…) O povo que V. Exª vai governar é obediente, fiel ao Rei, aos seus generais e ministros: com estas circunstâncias, é certo que há de amar a um general prudente, afável, modesto e civil.
A justiça e a paz com que V. Exª o governar o farão igualmente benquisto e respeitado porque, com uma e outra causa, se sustenta a saúde pública.
Engana-se quem entende que o temor com que se faz obedecer é mais conveniente do que a benignidade com que se faz amar, pois a razão natural ensina que a obediência forçada é violenta, e a voluntária segura. (…)
Pese V. Exª na balança do entendimento a sua benevolência, que não diminua a autoridade do respeito, nem a justa severidade das leis, obrigado do amor, porque neste equilíbrio está a arte de um feliz governo.
A jurisdição que lhe é concedida que jamais sirva para vingar as suas paixões; porque é injúria do ‘poder’ usar espada da justiça fora dos casos dela. (…)
Os aduladores não se conhecem pelas roupas que vestem, nem pelas palavras que falam …
Quase todos os que governam querem que os lisonjeiem, e sempre ouvem com agrado os elogios que se lhes fazem. Desta espécie de homens ou de inimigos em toda a parte se encontram; e V. Exª os achará também no seu governo; aparte-os, pois, de si, como veneno mortal. (…)