
“O simples vive como respira, sem maiores esforços nem glória, sem maiores efeitos nem vergonha.
A simplicidade não é uma virtude que se some à existência.
É a própria existência, enquanto a ela nada se soma.
Por isso é a mais leve das virtudes, a mais transparente e a mais rara.”
André Comte-Sponville é ateu. Um ateu “fiel”! Seu único partido é o da vida. Ele renunciou à esperança prometida pela religião: “… passei da fé ao ateísmo, passando da esperança ao desespero”.
“No fundo, o que é crer em Deus?
Crer em Deus é crer que o essencial de nossos desejos, de nossos desejos mais fortes, será satisfeito, ou até mesmo já está satisfeito.
O que desejamos, no fundo, acima de tudo?
Não morrer, reencontrar aqueles que perdemos, ser amados …
E o que nos diz a religião?
Que não morreremos, ou não verdadeiramente, que vamos ressuscitar, que reencontraremos aqueles que amamos e perdemos; enfim, que somos amados para além de toda a esperança.
Como gostaria que isso fosse verdade!”
Na sua opinião, pior do que as religiões, são as “religiões de substituição“, as ideologias. Vendem esperança – só aqui na Terra. São ‘ersatz’ (substituto ou sucedâneo) de religião.
Ele escolheu o desespero (ao invés da ‘esperança’) não por gostar de tristeza, pelo contrário.
Cita um psicanalista que lhe escreveu que “como psicanalista, como terapeuta, constato que a esperança é a principal causa do suicídio; porque se comete suicídio sobretudo por decepção”.
A vida é decepcionante, porque é desafiadora. Se não temos as defesas psicológicas adequadas, a frustração pode nos arrastar.
“Se a vida não responde às minhas esperanças, é a vida que não tem razão? Não. A vida faz o que ela pode! A vida é pegar ou largar. Não há nada mais. São minhas esperanças que, desde o início, são infundadas.”
“Cessemos de sonhar a vida, cessemos de esperar viver … e vivamos!”