
Lygia Fagundes Telles é uma autora completa. Aos 97 anos, é a “dama da literatura brasileira”.
Numa entrevista com Clarice Lispector, fala sobre o processo de criação: ” A gente exagera, inventa uma transparência que não existe porque – no fundo sabemos disso perfeitamente – tudo é sombra. Mistério. O artista é um visionário. Um vidente.”
Complementa: “a vontade do escritor é se comunicar com o seu próximo, de seduzir esse público que olha e julga. Vontade de ser amado. De permanecer.”
A arte é uma busca e a marca constante dessa busca é a insatisfação. Desconfiem da facilidade com que as palavras se oferecem.
“Chega mais perto e contempla as palavras
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
pobre ou terrível que lhe deres
Trouxeste a chave?” (Carlos Drummond de Andrade)
“O escritor quer ser lembrado através de seu texto. E a memória do leitor é tão fraca!”
As pessoas são volúveis, descobriu Garrincha quando um mês depois de ser carregado nos ombros por uma multidão delirante, com o mesmo fervor e no mesmo estádio foi fragorosamente vaiado.
Sobre a fama: Algumas pessoas se envaidecem – “De certeza, tantas medalhas, tantas pompas e glórias, eu ficarei! Não fica nada. Ou melhor pode ser que fique, mas o número dos que não deixaram nem a poeira é tão impressionante que seria inocência demais não desconfiar.”
“Quando fico deprimida vejo claramente essas três espécies em extinção: o índio, a árvore e o escritor.”