
“Ao mostrar que certos sistemas determinísticos têm limites formais de previsibilidade, Lorenz colocou o último prego no caixão do universo cartesiano e fomentou o que alguns chamaram de terceira revolução científica do século 20, no encalço da relatividade e da física quântica.” (Kerry Emanuel)
Edward Lorenz foi, praticamente, o cientista que desenvolveu a “teoria do caos”, ao tentar explicar porque é tão difícil fazer previsões meteorológicas.
Na antiguidade, a natureza era “caprichosa”; não havia padrões conhecidos, o que ‘justificava’ a necessidade de poderosas e incompreensíveis divindades que os governavam.
Nessa época, o caos reinava e a lei era inimaginável.
Com muitos anos nas costas, a humanidade começou a perceber que a natureza tinha muitas regularidades que podiam ser registradas, analisadas e até previstas.
No século XVIII, a ciência descobrira as “leis imutáveis” do universo.
O caos dera lugar a um mundo preciso como um relógio.
Mas, assim como a história não tem fim, a ciência se edifica sobre antigos conceitos ‘sólidos’, numa espiral: o caos dá lugar à ordem, que por sua vez dá lugar a novas formas de caos.
E o novo caos chegou. A mecânica quântica começou a tornar o terreno novamente movediço. “Começa-se a descobrir que sistemas que obedecem a leis imutáveis e precisas nem sempre atuam de formas previsíveis e regulares. Leis simples podem não produzir comportamentos simples. Leis determinísticas podem produzir um comportamento que parece aleatório. A questão não é tanto se Deus joga dados, mas como ele o faz”, resume Ian Stewart.
A ideia de Newton, de que ‘a Natureza tem leis e podemos descobri-las’, continua válida, mas com as cores do caos. Sem barreiras entre determinismo e acaso. A imprevisibilidade resulta da forma como o mundo existe, o que é apenas uma mostra de nossa ignorância.