
“O Espírito do Vale nunca morre
Isso se chama Orifício MisteriosoA porta do Orifício Misterioso é a raiz do céu e da terra
Seja suave e constante
Usufruindo sem se apressar” (Tao Te Ching, capítulo 6)
(“Espírito do Vale” representa a consciência do Vazio; “Orifício Misterioso” é o espaço onde o universo se cria e se destrói.)
A principal obra de Edgar Morin, 99 anos, é a constituída por seis volumes, “O Método“. Foi escrita durante três décadas e meia. Nele, procura formar “um anel recorrente: do humano ao natural, e do natural ao humano”, unindo as ciências exatas e as humanidades.
O capítulo citado do Tao, acima, foi o que lhe inspirou a escrever seu “Método”.
“Queria me tornar o vale para onde confluem todas as ideias novas; desejava que elas se conjugassem com minha cultura antiga.”
Em 2005, ele conclui o sexto volume, que trata da Ética. Recuperei uma entrevista dele da época.
Ao tomar conhecimento sobre a teoria dos sistemas, nos anos 60, ‘descobriu’, em seguida, a ‘complexidade’. Complexo, lembrando, vem de complexus, que quer dizer “aquilo que é tecido em conjunto”.
Intuiu que “o que faz a originalidade da matéria viva não é uma diferença de substância, mas de organização: esta, muito mais complexa, dotada de autonomia, fez emergir as qualidades próprias à vida.”
“Concluí que a organização era um conceito-chave que era preciso questionar, mas que, ao mesmo tempo, eu não podia isolar. Pois a derrocada da concepção exclusivamente determinista do universo me levava a relação ordem-desordem-organização.
Enfim, refletindo sobre a relação entre espírito e cérebro, concebi a ideia de que o espírito não é uma superestrutura, mas a qualidade emergente que nasce da relação entre cérebro e cultura.”
Outra razão que o levou a escrever foi procurar entender como havia se enganado ao se filiar ao Partido Comunista, em 1941. Queria descobrir “como evitar o erro e a ilusão”.