
Comentários de Goethe sobre seu encontro com Beethoven (julho de 1812)
“… Vim a conhecer Beethoven em Teplitz. O seu talento assombrou-me; mas infelizmente a ele coube uma personalidade completamente destituída de autodomínio; ele pode não estar completamente errado ao julgar que o mundo é odioso, mas também é verdade que tal atitude não torna o mundo mais deleitável nem a ele nem a ninguém.
Por outro lado, merece muito que tanto o desculpemos como dele tenhamos piedade, pois a sua audição quase o abandonou, o que provavelmente prejudica mais a parte social do seu caráter do que a parte musical.
Sendo, de qualquer forma, lacônico por natureza, tal laconismo está agora se tornando duplo, em razão desse defeito.”
Comentários de Beethoven sobre seu encontro com Goethe (citados por Bettina Brentano)
“… enquanto Goethe e Beethoven caminhavam juntos, a imperatriz e os duques aproximaram-se com todo o seu séquito. Então Beethoven disse para Goethe: ‘Conserve o seu braço ligado ao meu, eles devem abrir caminho para nós, e não nós para eles’.
Goethe não era dessa opinião e começou a perturbar-se; retirou o braço e, com o chapéu à mão, abriu passagem; ao passo que Beethoven, com os braços cruzados, caminhou em linha reta por entre a multidão de duques, levantando apenas um pouco o chapéu, enquanto os nobres se separavam para abrir-lhe caminho e todos o cumprimentavam com benevolência.
Depois, Beethoven parou e pôs-se a esperar por Goethe, que deixara passar os nobres, fazendo-lhes profunda reverência.
Disse, então, Beethoven: ‘Fiquei esperando o senhor porque, como o senhor merece, eu o honro e respeito, mas o senhor prestou homenagem demasiada àqueles outros.'”
